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terça-feira, 8 de março de 2011

Sobre Consertar os Erros e Outras Histórias.

Poc. Bolsinha caindo no chão. Apanho. Poc. Bolsinha cai de novo. Apanho novamente. Poc. Olho sério para ela. Ela apenas sorrir para mim. Apanho a bolsinha pela terceira vez. Só que dessa vez ambos damos risadas um para o outro. Devido a isso, aquela tensão do simulado de geometria havia passado subitamente. Aquele sorriso realmente era de encantar e aliviar qualquer um. Terminado o simulado fiz de tudo para se esbarrar com ela pelo corredor. Consegui, é claro. 

"É..." 

"Oi." 

"Aceita uma carona?" 

"Sim, claro." 

"Gostou do simulado?" 

"É... Mais ou menos." 

"Eu também." 

"E essa chuva, ein?"

"É. Ainda bem que passou, mas qualquer coisa estamos preparados (mostro meu guarda chuva). Que lapiseira para cair a sua, ein?"

"Pois é, ainda bem que viemos preparados (mostra o guarda chuva dela). Juro, não foi por querer que ela caía." 

"Prazer. Prentice." 

"Hum... Que nome... interessante." 

"Está mais para esquisito. Mas, você foi a primeira a reagir dessa maneira ao ouvi-lo. E o seu é?" 

"O meu é Blah." 

"Com a ou h no final?" 

"Com os dois, a e h: Blah." 

"Massa. Você é a primeira garota que conheço com esse nome." 

Se não fosse por aquele estojo cheio de lápis eu jamais entraria na vida de Blah. Apesar de ter sentado no lado oposto da classe de onde ela estava, eu não media esforços para tentar conhecê-la, eu já tinha até planos para isso. Não com interesse de amizade, é óbvio. Blah era uma garota bonita, ela tinha um charme bem charmoso que me atraiu desde a primeira vez que a vi. Esperar era só o que eu tinha de fazer. Esperar pelo momento certo. Pela hora certa. Pela queda da bolsa certa. Tinha que ser tudo certo. Pena que fiz tudo errado para com ela. Errei na forma de flertar. Errei na forma de agir. Errei na forma de olhar. Errei na forma de se declarar.

Costumo dizer que Blah é a garota dos meus erros. Acho que foi com está garota que mais errei na vida. Admito: fiz tudo errado. Eu sei, muitos dizem que sim, porém, ela diz que não. 


Independente dos meus erros e faltas cometidas, eu e Blah sempre conversávamos como se jamais eu não tivesse errado com ela. Será que ela via meus erros como acertos? Ou, ela só estava sendo legal? Não sei. Qualquer dia perguntarei a ela, é, qualquer dia perguntarei. Aliás, qualquer noite. Afinal, foram inúmeras as madrugadas conversando sobre nossas coisas. Apesar de ser nos três segundos falávamos bastante! Mesmo com as dificuldades iniciais de conversar e escutar nossos próprios sussurros! Se adaptamos bem. 


"Oi..." (sussurrando)

"Oi..."(sussurrando)

"Vivaostrêssegundosgrátisdatim!" (sussurrando rapidamente)

"Repete." (sussurrando)

"Vivaostrêssegundosgrátis."(sussurrando mais devagar, mas ainda rápido)

"Ãhn?" (sussurrando)

"Vivaostrêssegundos..." (sussurrando de saco cheio)

"Não entendi." (sussurrando sem jeito)

"Viva." (sussurrando)

"...?" (calada escutando)

"Os três." (sussurrando)

"...??" ( escutando com mais atenção)

"Segundos..." (sussurrando)

"...???" (atenção suprema)

"Da Tim. Entendeu? (sussurrando e chamando ela sutilmente de surda)

"Siiimmm..." ( sussurrando e achando que eu era o maior babaca do mundo por perder tempo sussurrando isso para ela)

Não tinha como não se apaixonar por você, Blah. Ouvir teus sussurros e teu bom papo antes de dormir era um ritual sagrado para mim. Tua voz no som do celular ecoando no meu quarto era ótimo. Às vezes ela era clara, outra vez séria, outra vez cautelosa, mas, outras vezes, ah... outra vezes, era sexy, era aconchegante, era calorosa, era literalmente sussurrante. Daquelas bem sussurradas, sabe? Adoro teus sussurros. São sensuais. São puxados. São seus. São tão seus. Não foi à toa que eu sussurrei que te amava, hum... bem pertinho do seu ouvido, quase mordendo tua orelha.

Apesar disso, nunca formamos um casal, mas sempre se comportávamos como um. Quantas vezes sonhei com teu beijo. Vinhas tão linda. Tão provocante. Vinhas do teu jeito, Blah. Charmosa. Inocente. E, risonha. 

Robin: Nunca joguei nenhum esporte coletivo.

Ted: Estamos brincando de "Eu Nunca"? Porque só sobrou aguardente de pêssego.

Robin: Jogava tênis no colegial. Sabe por quê? Porque era apenas eu. Não suportava sequer jogar em duplas. Acabei de levar um fora.

Ted: Ah, não, que saco.

Robin: Tudo bem. Não estava muito na dele. A história da minha vida.Todos estão se apaixonando e agindo como idiotas e tolos e doces e malucos, menos eu. Por quê não consigo chegar lá? Eu quero desejar isso. Tenho algum problema?

Ted: Não. Veja, você não quis ficar comigo, então, claro, você tem um péssimo gosto. Mas você está bem.

Robin: E se eu for apenas uma... pessoa fria? Hoje à noite Mike esforçou-se para parecer um bobo por mim, mas não consegui ser a Maria. Por que não posso ser a Maria?

Ted: Porque você não conheceu o João certo ainda.Um dia, você vai encontrar um cara que vai fazer com que você seja a maior bobona...

Robin: Mesmo?

Ted: Ele está em algum lugar lá fora. Assim como a Abóbora Safadinha... Safadinha, safadinha...

Robin: Como você consegue, Ted? Como você senta a noite inteira aqui fora, no frio, e ainda confia em que a abóbora aparecerá?

Ted: Bom, estou meio bêbado. Olha, sei das minhas chances, o amor da minha vida não vai aparecer do nada por aquela porta... numa fantasia de abóbora às 2:43 da manhã, mas... parece ser uma tentativa tão boa quanto qualquer outra, você sabe, sentar e esperar.


Somos como Ted e Robin. Devemos sentar, esperar, e, no meu caso, errar... Eu devia ter ido conversar com ela sobre meus sentimentos. Devia ter prestado atenção na atenção dela. Devia ter chamando ela para dançar, e não esperar que ela me chamasse. Devia ter sido mais convicto. Devia ter sido mais insistente. Devia ter provado para ela que o amor existe, mesmo sei saber o que é amor. Devia ter entregado as rosas vermelhas para ela. Devia ter escrito mais cartas amorosas. Devia ter emprestado mais Cd's. Devia tê-la beijado naquela noite chuvosa. Naquela noite na praia. Naquele dia. Naquela hora. Naquele tempo. Naquela vez. Naqueles erros.

Nada como ser um garoto errado para uma garota certa. Queria tanto consertar meus erros com Blah. Mesmo que o tempo seja linear. Mesmo que ele não volte para podermos consertar nossos erros. Eu queria. Queria muito voltar nele e dizer, e fazer, tudo certo para ela. E um dia. Num dia eu fiz a primeira coisa certa com ela.

"Mas por que você está fazendo isso agora?"

"Ah Blah. Você merece. Um dia. Um dia só para você. Um dia bem divertido."

"Hum... está certo."

"Está gostando do chocolate?"

"Sim. Está muito gostoso."

"Gostou do dia de hoje? Não improvisei nada."

"Muito bom mesmo."

"Fiz tudo certinho. Fomos ao canto tal, no lugar tal, me declarei direito e tal."

"Ei, você não se declarou para mim não!"

"Ops. Não seja por isso."

"Blah. Hum-hum( pigarreando). Nesse ambiente romântico. Nessa noite estrelada e com maresia. Quero te dizer que te amo."

"Ownnn..."

"Ficou vermelha." (risadas)

"Chatooo. (risadas) E agora?"

"E agora o que?"

"Agora que você se declarou para mim. Que fez um dia certo para mim. E agora?"

"E agora?"

"É. E aí?"

"E aí que me dê um fora. Vamos. Quero um fora."

"Ãnh?"

"Estou consertando meus erros. Estou querendo errar da forma certa. E não da forma errada entende?"

"Hum..."

"Claro que entende. Ora, só você sabe como errei contigo... só nós dois sabemos."

"Entendo."

"Vamos descer para areia?"

"Vamos."

Fazer a coisa errada da forma certa nos faz um bem danado. Não é, Blah?


Prentice Geovanni




3 comentários:

  1. O final ficou meio epitafético (se esta palavra não existe considere-a como um neologismo da minha parte, hehehe). Raaaaaoo, Amigo Urso!
    o/

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  2. Interessante. Fiquei maravilhada com o enredo dessa hist. Adooreii:D

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