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sexta-feira, 30 de maio de 2014

Landarilho.

Landarilha antes de ser: já era mestre. Vitoriosa dos 1970, 
gritou fileiras contra a infinita Guerra do Fim do Mundo.

Venceu.

Espancou nuvens: 

fez neblinas por onde passou. 
Acendeu estrelas e desligou tempestades. 
Perseguida por fantasmas, 
soube guardá-los no bolso esquerdo da solidão.

Landarilha era passos, permanência em poesia; 

sorria palavras e ditava destinos.

E Yjorn? 

Sabia ouví-la 
e tentava, 
no invisível, 
compreender o incompreensível; 
a sabedoria do viver.

Landarilha sempre será: 

a palavra avessa semeada no sagrado coração.

Prentice Geovanni

Kamus

Kamus não cansava fácil. Energia, força capaz de mudar rumos: seu forte. Contagiante empolgação, capaz de aumentar astral: seu dever.

Navegante exilada da noite sem fim, enxergava o dia sob os olhos libertários das cachoeiras congeladas do mar ao norte.

Via com brilho; dominava sonhos. Gente das boas, com paz de si.

Yjorn, no papel da vida de Kamus, era desenho animado, quadrinhos.

Kamus sempre será: a esperança que se carrega em mãos.

Prentice Geovanni

Danas.

Danas tinha pensamento de prata e coração de ouro.

Acompanhava o acompanhante; bebia do mesmo copo. Existia, mas deixava um pouco de si em cada lugarzinho remoto do mar inavegável.

Paciente de juízo; amigo pulsante no extravio inocente da chama! Acreditava nas marcas, nos sonhos e em suas próprias leis.

Danas, o boa aventurança, salvou Yjorn do mais perigoso perigo: a perda da fé.

Danas sempre será: o abraço memorável que irradia a entrelaçar da vida.

Prentice Geovanni

Timas.

Timas conhecia de perto a solidão invernesca do mar inavegável. Porém, dos caminhos fechados, abriu passagens para seguir caminho próprio, encontrar batalha e tomar maré.

Yjorn, possuindo um apreço enorme por ele, recarregava espírito do seu lado; descansava.

Afinal, Timas entendia o por vir da vida; o balançar das águas e a justiça das personalidades.

Com um oasis no seu coração, alimentava a fome secular e acabava - em medida - com as perversidades do mar negro; maldade d'alma.

Timas sempre será: a luz primaveril que entra numa janela às seis da manhã, de um domingo em 1935.

Prentice Geovanni

Jotta.

Jotta, a razão.

Sabido no guiar; companheiro em tardes inavegáveis de quarta-feira.

Foi no 19 de Fevereiro, com pés no chão da realidade, que abriu os olhos chorosos de Yjorn. Desde então, o olhar de Yjorn parou de chover por simples desertos.

Jotta era isso: ensino no enxergar; visão certa, passagem. Conhecido pelos seus sete pulos por sete vidas: viveu sete vezes mais que qualquer navegante visto num perímetro de sete mares.

Jotta era sete vezes sete; setenta léguas de confiança e opinião.

Portanto, Jotta sempre será: a árvore com sombra tranquila durante toda eternidade.

Prentice Geovanni

Claudis.

Claudis Luna atraía a lua para si. Logo, o mar inavegável ficava mais robusto, mais cheio, sem perigo de encontro com corais.

Com isso, Yjorn sentia-se seguro em presença dela; lunática.

Maior que a profundidade marítima; distância para uma lua de saturno: eram suas determinações para o amanhã.

Salvadora da primeira vida; despejou lágrimas de coragem; ficou no vácuo 39.

Habitante da terra do chocolate brigaderício. Aprendeu sobre navegações diante da Muralha Interminável; desde então: só chorou de alegria - com sorriso de lua no rosto.

Claudis Luna sempre será: a neblina noturna, sem lua, que cai diante de uma rua perdida; abraço quente.

Prentice Geovanni

Vias.

Vias, acolhedor de aventuras, compreendido que Romeu e Julieta foram feito um p'ro outro; estudava o desembrulhar da vida.

Profeta de memórias; desafiante do mistério: esteve nos confins do universo.

Deixou o tédio por lá; encontrando assim, novas buscas e viveres.

De prêmio? Obteve admiração, simplicidade e estar perto.

Yjorn nunca o alcançará; mas aprenderá, por vias de regras, sua maior lição: ser feliz no mar inavegável!

Vias sempre será: a pegada triunfante do amor sem fim.

Prentice Geovanni

Quatis.

Era em terra,

Yjorn aprendera com Quatis a seguinte premissa:

"Ajoelha-te, abaixe-se, desse modo, pegarás o poder em mãos."

O que isso prova? Que somos maiores que o poder? Ou que precisamos apanhar durante nossas buscas?

Yjorn sempre foi mais novo; já Quatis mais velho, corajoso. Sábio em palavras, condizente com sua atitude: seu rei nunca foi preso.

Liberdade de escape? Fazia na hora. Estrelas? pingavam de seus dedos ao apontar uma direção.

Quatis joga, na montanha mais alta, com o tabuleiro da vida, suas peças temporais de amor.

Quatis sempre será: o caminhante que se dispõe no talvez, no sim, no final.

Prentice Geovanni

Rivas.

Rivas era especialista em gestos.

Bastava um olhar, um aceno, um jeito: que o desvendar fazia-se realizado.

Andava em cima da chuva. Corria nos raios de sol. Rivas tinha as cores ao seu dispor.

No mar inavegável, sob um cavalo branco, jogou as verdades do mundo a dentro sobre como pintar arco-íris.

Sua especialidade? Fazer retratos pra Iá-iá's nas diversas fronteiras universais.

Yjorn, ao seu lado, cantou o mais alegre fim de carnaval.

Rivas sempre será: o catavento cavalgante dos sonhos.

Prentice Geovanni

Zincus.

Por sua vez, Zincus aconselhava.

Costumava também, dizer, traçar e seguir suas próprias rotas. Chegava. Mas, mesmo assim, esperava; investindo, orientando, amigos do seu lado.

Cada um no seu ritmo, frequência: virtuosidade.

Zincus sabia ir. Reconhecia os enfins e admirava os começos e términos de cada ilha do mar inavegável.

Zincus aproveitava cada instante como se fosse o último.

Zincus sempre será: o gramado verde de uma varanda sob o brilho solar.

Prentice  Geovanni

Gotas.

Avante, pioneiro de si, estava Gotas.

Gotas sabia ser querido. Gotas sabia ser essencial.

"Gotas de chuva? Mando em todas. Gotas de lágrimas de sal para lavar tristezas d'alma? Tenho-as bem guardadas no meu coração!"

Gotas se dispunha com o manso e humilde coração diante de qualquer problema. E, por isso, Yjorn, sempre levava consigo seus mais gotejados conselhos. Afinal de contas, Gotas num fazia chover, orvalhar e ensolarar? Então?

Então, oras: Gotas entendia do entender; desenrolava o indesenrolável; sorria o sorriso por ato de sorrir; gotejava sonhos, sermões e soluções.

Yjorn o admirava. Muito.

Pois: Gotas goteja felicidade gotejada, na medida feita, no calibre certo, único.

Gotas sempre será: o fogo celestial de uma tarde de sábado.

Prentice Geovanni

Tantis.

"Preciso que um barco atravesse o mar lá longe
para sair dessa cadeira
para esquecer esse computador
e ter olhos de sal boca de peixe
e o vento frio batendo nas escamas." - Marina Colasanti

***

Já Tantis é o mais pontual de todos os navegantes. Experiente no correr do tempo, saudoso de companhia, tinha superação em mente, provocando, portanto, a si mesmo: luta, corrida e amor. A lição maior que ensinou a Yjorn estava escondida nas palavras de uma memória de recordação:

"Yjorn sabe a hora certa de aparecer."

Só que Tantis não sabia, até então, que Yjorn somente aprendera sobre as horas certas ao observá-lo no agir, impulso - de acordo com a temporalidade dos dias atrás. De acordo consigo; de acordo com seu jeito; de acordo com um mar maior que o inavegável, o mar de sua alma.

Ora, bebia horas, ora afogava minutos, mas sempre estava pronto para cumprir seu itinerário, seja qual fosse.

Tantis sempre será: a amizade que se ajoelha diante de sua alma para proteger seus amigos, navegantes.

Prentice Geovanni

Kafes.

O mar inavegável já foi o que não é: água passada, misturada com navegantes futuros! Destinos cruzados? Não importa!
O que necessita é o alcance para saber velejar.

Kafes surgiu daí. Do alcance.

"Reclamar menos; fazer mais: a prontidão é força, e não direito de falha. Pés no navio escolhido, meu amigo; olhos na direção que almejas seguir!"

Palavras não esquecidas a Yjorn, numa quarta-feira chuvosa, num dos maiores templo do mundo além. Palavras ditas na travessia de morte, no cair da noite: contra as nuvens.

Kafes temia o temer. E repassava tudo como forma, proteção. Sabia agir e, portanto, era rei do mar. Com alguns muitos impérios, prezava os momentos, reinava amizades.

Kafes sempre será: fogos de artifícios na praça perdida - no tempo - de um coração solitário.

Prentice Geovanni

Hífiz.

E, seguindo adiante da noturnidade de cada dia; sejam elas quais forem, Yjorn, reconheceu que os maiores acolhimentos deveriam posteridade ao sentimento da sinceridade.

Hífiz, sinceramente, o ensinou isso.

Que a Alegria pode ser encontrada na árvore dos sorrisos, porém, para isso, é preciso de amigos na mesma mesa, no mesmo filme, na mesma guerra. Pois, Alegria não se perde; se esconde. Bastando apenas encontrá-la com as pessoas certas.

Destarte, Hífiz era simples. Prosseguia. Navegava. Tinha Rosa-dos-Ventos.

Escavava aventuras, compartilhava solidões. Para todo bem? Sabedoria dos sinceros, coragem do coração. Assim se preocupava Hífiz, assim se escrevia nas letras exageradas do mar sem fim.

Hífiz sempre será: o puxão de orelha dado pelo amigo que se preocupa.

Prentice Geovanni

Guris.

Todavia, com o fim da tarde, início de lua, vem o anoitecer. E isso não era bom, pois Yjorn tivera medo de escuridão.

Porém, com Guris, o significado aprendido de coragem foi sedimentado:

"O jeito de se portar diante de um problema é a atitude mais preciosa de um navegador. Não importa o mar, a tempestade, o inimigo; o que é de interesse? São as maneiras de ultrapassá-los da melhor forma possível."

Confiar em que confia na gente; ter noção de que não estamos preparados para as futuras pessoas que entrarão em nossas vidas, mas, que mesmo assim, continuaremos em frente: fazendo nosso melhor, são dois dos seus dilemas mais fortes.

Palavras fortes, atitude diferenciada, leveza na prática de escolher quem deve estar do seu lado, assimetriam o Guris.

Yjorn entendia e, principalmente, respeitava isso.

Sua força para andar nas trevas do mar inavegável viria daí? Provavelmente sim, provavelmente não. Talvez de algum outro lugar que somente os corajosos sabiam encontrar e se guiar.

Guris sempre será: a luz flamejante que se ascender da noite temerosa dos dias sólidos e frios.

Prentice Geovanni

Santis.

Mesmo assim, Yjorn, levou tempos para aceitar decisões, intempéries e sonhos. Portanto, foi preciso encontrar:

Santis, o indicador sonhante, àquele que indicava sonhos - sonhados, reais, de purgatório - inspirantes. Com seu zelo pela simplicidade, revelava um grande apreço percorrido por suas mais puras veias de amizade e companheirismo. 

Dono do mascote estelar capaz de colocar medo em qualquer corajosa fera desconhecida do mundo afora; possuindo a paciência não-nômade e o Amor Acompanhante da última era dos sonhos inacabáveis, encontrou algo raro nos tempos inavegáveis: a felicidade.

Santis era único. Acreditava no nascer do sol como a hora do reencontro. E nisso ele nunca esteve errado. E Yjorn hoje sonha. Com indicação, claro. 

Santis sempre será: a bebida de uma brisa de mar às cinco da tarde.

Prentice Geovanni

Lenos

"Pois cada instante é essencialmente insubstituível: é preciso que saibas concentrar-te unicamente." André Gide

***

E foi diante dos navegantes - do mar inavegável - que Yjorn encontrou esperança para viver:

Lenos o ensinou que - durante o procurar do seu próprio caminho - a mudança faria presença em todo, e qualquer, percurso bandeirante. E, independente de acompanhado ou não, aprenderia que evitar conformidades e buscar virtudes concretas, se faz essencial quando juramos ir embora pru'm ano desconhecido de 1978.

Lenos entendia das coisas.

Sabia que o "poucomuito" teria de ser - unicamente - de coração. E, embora, entendido da estranheza do mundo, conseguia distinguir quando o por do sol valia a pena ou se iria pingar chuva numa quinta-feira próxima.

Lenos sempre será: o presente estático; aquecido no sorriso tardioso de fruta vermelha.

***

Prentice Geovanni

terça-feira, 20 de maio de 2014

Pais.

Sob a noite solar, as duas almas caminhavam pela ladeira do inferno.
As estrelas faziam o seu itinerário de brilhar de acordo com o devir; e seus espíritos estavam satisfeitos com o realizar do encontro.

***

"Eu só queria cinco minutos. Durante todos os dias da minha vida. Com ele. E com todo mundo."

"Só isso?"

"Sim. Cinco minutos e nada mais. Daria aquele abraço, risadas e um inesquecível: até amanhã, cara!"

"Esse 'até amanhã' é onde se encontra o sentido da vida. É nele que ganhamos a continuidade. O prosseguir e o esperar da saudade... Verdade. Cinco minutos é o suficiente."

"É sim. Cinco minutos. E um dia completo de coração cheio da felicidade."

"O suficiente para umas boas lágrimas; O equivalente para seguir buscando o que viemos buscar: sermos felizes."

***

A ladeira do inferno fica para trás, e o céu se concretiza em memória, em lembrança e, principalmente, em unidade com as pessoas que passaram por nossas vidas.

Prentice Geovanni & Hítalo Praxedes

Os Lobos dos Mares.

Sabe, Natalle, acredito que, internamente, temos rabiscos dos nossos melhores caminhos. Se vamos torná-los dignos de completude, coisa feita; bem, isso é questão de escolha nossa.

E, pelas suas palavras, quando tudo indica, se mostra, numa questão de propósito; não adianta desistir, nem proclamar derrota. Na verdade, o que se precisa é adquirir o contrário, o avesso, ou seja: a coragem de ser escolhido.

Assim, daqui por diante, cabe a nós, não nascer para mudar o mundo; mas sim: mudar vidas.

Por fim, fica o meu enxergar esperando o apontar de sua estrela.

Boa viagem e até mais.

Prentice Geovanni

1949

Desde que percebeu que o azul fazia parte de sua vida, tudo apontava anos de 1949.

Sim. O mar azul, os olhos azuis, o beijo molhado com gosto de azul, dançavam nas suas tardes - que por ventura - também insistiam em ter a mesma cor celeste dos seus sonhos: azul.

Não sabia o porquê, mas entendia que deveria ser assim, afinal: todos possuem um pouco de azul dentro de si. E, significando alguma coisa ou não, talvez isso lhe confortara um pouco.

Somente um pouco.

Prentice Geovanni

manual de como andar nas nuvens:

primeiro: suas palavras devem condizer com batidas ventriculares.

segundo: o impulso nessa hora é essencial. afinal, é preciso dois corações para se aprender vôo, altitute.

terceiro: a bondade tem que ganhar plenitude. o céu indica; mas jamais revela o caminho a ser seguido.

quarto: os olhares bem vistosos apontam como o andar deve ser feito: palavras, língua e algodão doce.

quinto: corra, fique leve, adquira inércia, curta o tempo. só assim, entendendo infinitudes, conseguirás a fluidez daquela nuvem às seis da tarde.

seis: o manual de como andar nas nuvens é inútil. cada um, portanto, deve escrever o seu - na medida e neblina certa.

Prentice Geovanni

Por Isso Hoje,

E, naquela primeira vez, não consegui resolver seus problemas.

Estava distante, muito perdido; e mesmo sabendo que isso não seria uma boa desculpa para dizê-lo, entendi que no jogo de Deus as coisas sempre funcionaram assim, moldes e espaços vazios.

Cabendo a mim (a nós), jogador(es) ou não, mostrar melhor partida, emoldurar, preencher e sustentar qualquer prêmio que me(nos) fosse dado(s).

Uma pena isso.

Pois na busca pelas tardes de outubro, não consegui fazer o possível, mas sim, apenas, encontrar impossíveis. Terminando assim, por ser, no meio da partida, uma questão de aceite, com somente uma única opção, jogar o jogo que me foi dado: as escolhas de uma vida.

No início, tudo foi meio complicado mesmo; o primeiro encontro com o
um impossível, pareceu bastante com a minha primeira queda de bicicleta.

A Caloi azul, capotando pra valer por cima de mim, me deixando todo arranhado e sujo, é uma boa (memória) comparação de como é ir de encontro a um impossível.

A diferença, apenas, é que: no dar de cara com o impossível, o número de quedas pode acontecer quantas vezes for necessário até o nosso último instante de vida; chato isso, não é?

Não sei. Sei que existe uma vantagem, e ela se encontra em: saber escolher em qual Caloi azul pedalar.

Ficando os 'portantos' tendo como final: as escolhas.

Provavelmente, é somente nesse ponto, que talvez exista uma pequena chance de superar algo tão grande quanto um impossível.

Difícil?!

Sim. Mas não impossível.
Mesmo que, por enquanto, eu não consiga resolver seus problemas.


Prentice Geovanni

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Chuva.

e em dias de chuva temos o direito de sentir saudades de lembranças que sempre estarão (e ficarão) guardadas nos lugares mais entardecidos de nossas memórias.

- um amor que nunca foi revelado; e, por isso, foi realizado numa neblina quente.

- dois abraços: um de chegada, outro de saída.

- um papel que embala um confeito de morango com a letra P.

- três tardes seguidas de duas colheres de leite ninho.

- uma busca da toalha esquecida no muro.

- aquele pastel com suco de maracujá perto da igreja.

- a árvore de espinhos em frente da casa do João Paulo.

- uma boa amiga compartilhando de sua mão quente diante do mar noturno.

- a chuva que segue sendo chuva: da mais chovida forma de chover.

- chovendo chuva lembrada de lágrimas e sorrisos dos que ficaram em algum lugar na mais perdida estiagem.

- o orvalho matutino de uma manhã de cinco horas.

- uma cerveja no frio. Com um bom amigo para ouvir meus lamentos e aventuras.

Prentice Geovanni

Toque.

portas.
fechadas.
quebradas do lado de fora, trancadas por dentro.


Da alma.
Do quarto.
Da caixa.
Da cabeça chuvosa por um guarda-chuva.


Sol.
Amor Profundo.
Pressa.
Calma calada.
Cansaço.


Ops! Tem Jeito.

***

Prentice Geovanni

A Floresta Encatanda!

aí você tá caminhando com seu amigo por essas ruas esquisitas, com pessoas... diferentes e de repente: pra ficar mais estranho o ambiente, um carro para ao nosso lado e pergunta: 

- senhores, onde fica a floresta encantada?

eu fico sem saber o que responder; já hand, sem pestanejar, responde:

- só seguir em frente, mestre!

e eu comigo... 

"reoussseee, ele sabe onde fica a floresta encantada."

****
Prentice Geovanni & Hand Medeiros

Os melhores Momentos.

os melhores momentos, que passados, foram com alguém numa neblina.

num dia de chuva pode?
pode.

pode um beijo mais que molhado numa chuva molhada.
pode.

um beijo que é frio ficando quente; que é quente ficando frio.
também pode.

quando chove tudo muda.
e tudo é.

olhos. abrigo. abandono. unicidade e cumplicidade...

um 'eu te amo' dito na chuva, com aquela garota com os cabelos molhados, fria, mas ao mesmo tempo quente...

não tem descrição.
somente sentidos.

sentidos da vida morando nesse aspecto dual - você, eu - que a chuva nos causa.

Prentice Geovanni

Brilhante

As veredas, por fim, se encontraram; e então o tempo fez-se de chuva sertaneja. Alguns dias sim, molhou-se a terra, pintou-se neblinas, caíram conselhos do céu.

Mas, todavia, era necessário medir tudo com extravagância.

As quartas-feiras chinesas pediam socorro para serem lembradas e a Literatura batia na porta pedindo um copo d'água em busca de citações do Guimarães.

Não, não é a hora de Guimarães.
Mas sim: do Brilho.

E quem sabe, talvez, de retirar alguns sonhos jogados na lata de lixo da vida.
Sujos pelo tempo. Desgastados pela umidade das lágrimas. Esquecidos, como as coisas que devem ser esquecidas.

E, mesmo que Michelangelo e Maria das Neves estejam nos esperando no mar sem fim. No mar daqueles que souberam brindar às noites mais divertidas de suas vidas:

Brindando, sim, com a própria vida, pois os cálices estavam cheios de sonhos!(daqueles atirados, lá, naquela maldita lata lixo)

Cheios de promessas.
Cheios de ternura.
cheio de desertos de oito horas.
inundado de rios plumosos, de tinta azul, de... amendoins.

Portanto, cabe não esquecermos o caminho torto, o sereno dedicado, a releitura das páginas da vida.

Restando, finalmente, apenas: Poeira de Brilho Brilhante.

Prentice Geovanni

Despedida



Surgindo, a poesia se fez árvore de luz. A flor, a água e o vermelho brilharam estrelas cadentes realizando, por sua vez, de maneira simples: sonhos e promessas fantásticas de uma Era comum.

A raiva desmanchou-se em risos; cabendo aos olhos a responsabilidade de saborear a feliz lembrança, a inesquecível noite d'água quente e o sincero desaprender de lições flamejantes.

Depois, sintonia: tudo realizou despedida.


Prentice Geovanni

Vick Flowers

e por volta do ano de 1973, a chuva caía como estrelas cadentes no deserto.

as promessas ainda estavam de pé,
os sorrisos continuavam na memória daquele encontro ao acaso: lembranças surgiriam.

o toque da guitarra fazia coração mais forte;
mas, sem entender motivos,
o brilho daquela voz quando - ele - encontrava um dia de verão, de mar e chuva: sempre seria inesquecível?

a lua de queijo tinha mais queijo naquele ano?
a neblina neblinaria por muito tempo se convertendo em lagoa de lágrimas de bolhas de sabão?
ou, apenas, precisaríamos de uma casa de praia para ver o pôr do sol, lindo, melancólico e gracioso?

talvez nada disso, talvez só contato. frequência. e alguns petelecos de alegria.

para que, somente assim, avistando o longe, com guadalupes e caveiras preto e branco, possamos cumprir o futuro
como gota de orvalho, como visita de heróis, como virtude aprendida.

mas, no fim das contas, o necessário mesmo seria:
o cair do chão,
o escutar das nuvens,
o amanhã presente,
a caminhar adiante.


Prentice Geovanni
- Então, tudo é uma questão de vontade e equilíbrio?

- E de intuição, na falta da razão. Só acho que não devemos gastar tempo com o que não nos interessa. A vida impõe limites.

Prentice Geovanni

TEQUILA

às vezes uma única estrela nos faz falta;
pois, na inúmera noite do nunca mais, na rua do vapor: a fumaça encobre um coração.

e, no fim do mundo, com amor, alturas de nuvens e silêncio, me perguntas por onde estou.
respondo que estou contigo. nas suas lágrimas, nos seus cabelos cor de vermelho e no seu sorriso de meio luar.

só que ainda, às vezes, a Felicidade repentina de domingo à tarde nos pergunta motivos, e dela surgem: luas de queijo, elefantes estelares, buquês de rosas virtuais.

num futuro jantar,
lugar perdido no tempo,
a espera se acompanhará da perspectiva e de mãos dadas,
formarão belo casal de destino.

mesmo que... às vezes.
sim, às vezes, quase sempre, sua voz me sinta; e não o contrário.
eu, alheio, sonoro, percorrendo sincero riso o caminho devagar de seu coração;
sonhando desesperos, contigo, encontro: sossego.
meu relógio marcava 6:30 da manhã.

dia de mudança, hoje?
sempre!
nada de medo, somente coragem e chuva!
tremores é aquela coisa emocional.

neblinas acalmam, mensagens me colocam perto, confidencialidades me aproximam. essa sou eu: força no olhar, frequência de um minuto, e óculos escuros.
viver,

às vezes, nos falta uma época épica de "era uma vez,"; às vezes, infelizmente, chega meia-noite tão rápido.

e o dormir, com abraço demorado de muito mais,
sonha o sonho que não é o bastante.
por enquanto, apenas por enquanto.

Prentice Geovanni

46

e nos meus sonhos aprendi que é possível te encontrar.

na medida que o tempo passou, você se fez presente em diversas realidades e vidas de chuva ao vento leve.
e foi assim, com esses modos, conhecendo o passar dos anos, acabei, por entendimento, buscando sua voz nos meus momentos
de coração de outrora - tempos antigos.

saibas de uma árvore que continua verde; nela estarás me esperando.
junto com a memória de nuvem nublada que deixaste na minha sala de jantar.
perto do parecer cair do orvalho das flores de girassóis.
vizinho da esperança dos dias melhores que estão por vir na tua vida, nos teus parabéns.

Vinte Seis se completa todo dia, em todos os passos.
se completa quando se quer, quando se enxerga prontidão.
quando se aceita novos desafios e músicas de gosto esquisito.

Vinte Seis não é pra qualquer um, vinte seis é pra você:
com suas vinte seis vidas encarnadas nos meus olhos de quarenta e seis anos.

por isso te peço, te mando e parabenizo.
continue seguindo além... com gritos, braços e procuras de mãos dadas.
brigas fazem parte.
e a vida continuará essa permuta de números. ora estamos com vinte seis, ora estamos com eternidades.
afinal, temos esse direito de escolha, de particípio e coragem;
pois quem obedece nosso destino são nossas escolhas.

E nossas escolhas: somos nós, você e eu.
Marília, Laura e uns distantes Borges.

Prentice Geovanni

Colocar queijo na pizza de abacaxi!

Talvez seja esse o grande mistério do gosto que tem a vida. Combinar misturas de sabores escutados pela primeira vez. Eis a solução completa para o enigma da existência! Nada mais, nada menos; nenhum acréscimo. A não ser que, quando, por exceção, estivermos a mercê de algum momento único; e assim, por justa causa, poderíamos ter o luxo da possibilidade de usar a escolha de pedir, quem sabe, uma Coca-Cola bem gelada; tanto para adicionar tempero na memória construída por sabe lá quem estiver comendo dessa pizza, como também, para acentuar o sabor de completude e participação do momento vivido.

Queijo, massa e abacaxi. Ingredientes simples; mundanos, que nem a vida. O que por si só indica algum tipo de desafio amoroso para os românticos; afinal, e com toda certeza, eles somente pensariam em comer tal gostosura - ensinada por deuses celestiais do olimpo gastronômico - acompanhados por seus respectivos amores surreais incorrespondidos. É o destino. Está escrito em algum livro nunca lido por aí.

Foi mais ou menos assim quando me deparei com ela pela primeira vez. O vapor possuía atmosfera de Dylan e as árvores cantavam I Want You entre si, baixinho. Eu não sabia o sabor das palavras, nem que degustar estrelas me lembraria o gosto de cerveja gelada em uma piscina quente; não imaginava que o cheiro da noite escondia uma memória em terra de São João.

Mas, antes de tudo isso, sempre lembrei que seu toque era igual a guitarra celestial do quarto de número 1 no centro do universo: vibrante!

Prentice Geovanni

A LETRA Z

Queria deixar registrado a caminhada sob as estrelas de pedras,
Mostrar a simplicidade trazida por uma brisa que conseguiu escapar do mar.
Gostaria de agradecer ao ato de subida e a quem teve fé de escalar montanhas,
pois assim, consegui ver de perto o azul contemplar o oceano sobre si mesmo.

Nas cantorias noturnas, com gosto de limão doce, as vozes faziam lampejo na areia fina com milhares de universo.
Os mares uniam-se e as ilhas dos atiradores foram encontradas - novamente - em nossos corações, memórias, em união.
E os amores, com sabor de bebida de hortelã fizeram as pazes.
Portanto, vamos em frente, subir, e não nada de cair nas marés fortes de barcos perdidos além horizonte.

Foi assim que vi o nascer de um sol com chamas de almas felizes; Deus presente, equilíbrio.
Naquele dia, meus olhos caíram em dois arco-íris, lado a lado, igual a amizade presente em dias de tristeza.
Chovia muito e os anjos usavam sombrinhas de verão para não pegarem resfriado.
A rua molhada molhava nossos pés; nossas palavras neblinavam e, como água de céu, nos fez sonhar saudades que nem sequer vieram ainda.

Ladeiras, pilares e a falta de algum amor.
O traço e o rabisco de desenho de manhã de domingo continuavam ruim.
Porém, a chuva e o sol se juntaram e contariam seus segredos um por outro:
aquele é o momento perfeito, olhem para eles - felicidade cósmica, coração batendo, pó de supernovas.

As árvores se deixavam chuva, o pão era quente e o chocolate gelado.
Caçadores de infinitudes passavam pela mesa, mas, de jeito maneira, não deixaríamos eles levarem as nossas.
Se necessário, e nos encontrarem, a vida seria a única proteção e escudo.

Pois a vida não é assim, nós que somos a vida.
Vida batida em terra-mar de lembranças e sono.
Vida que, no intervir dos hiatos, a letra "Z" nos protegerá de todos os males.
No temporal mais forte, com um amor perdido e a realidade devastada.

Prentice Geovanni

Ad Astra Per Aspera!

"Não sentimos dor pela partida de quem amamos; sentimos dor pelo período sofrido e deixada ausência." (de uma conversa noturna com Sunshine)

*****

Sabe, cara, você nos deixou exatamente num domingo como esse. O sol estava claro como se queimasse mais que os outros dias da semana; no relógio faziam-se onze horas de uma manhã que teimava em não terminar; e esperar saudações suas nunca foi tão difícil como naquele momento. Mas sabe o mais foda? É aquela sensação de incapacidade - de não ter conseguido fazer nada, além de ouvir o telefone tocar, com os maldizeres de um esvair de vida - continuar na minha memória até hoje.

É, foi a última vez que tivemos notícias um do outro.

Muita coisa mudou. Não sei se adianta dizê-lo, pois no seu céu, na sua realidade, no lugar divino em que habitas, estarei exatamente e para sempre com treze anos. Afinal, foi nesse cômpito de destino que nos separamos. Por isso, tenho a ligeira certeza, que ao escrever esse texto com sentimentos de um alguém com idade mais velha, não estaria condizente com os nossos laços "infanto-paternais". Seríamos como dois adultos conversando depois de muito tempo longe um do outro; seria estranho e, até mesmo, desnecessário. Adultos não conversam o essencial. Adultos conversam resultados. E nunca estão satisfeitos nem prontos.

Não obstante, diferente deles, estaremos nunca terminados de uma outra maneira. Uma maneira que meus sonhos e sua memória celestial se encontrem e bilhem no horizonte lunar da década de noventa, perto de uma casa perto de uma igreja, com uma visão triunfal de infância e cumplicidade.

Faltava luz e me encorajavas. Como um pai deveria e fez, fazê-lo.

E hoje, tempos depois, percebo que careço de coragem. E que não estamos prontos para dizer quando sentimos saudades; que não estamos preparados para as novas pessoas que fazem e farão parte de nossa vida; e que isso tudo me preocupa um pouco, mas também me alivia. Sabe por que, Pai?

Porque foram nas situações de despreparação que puder ver de perto o acabar e surgir de um amor. Foi numa despreparação que vi o fraco se torna forte. Foi em despreparações que vi mudanças. Boas ou ruins. Mudanças. Estreladas ou nubladas. Mudanças. Mas que no "no entanto do mudar", dependiam sempre de quem sofria a despreparação. E em se tratando de sua partida, eu estava, puta merda, bastante despreparado. Porém, nós dois sabemos que a morte e a vida são um despreparo; e o que importa é acreditar no coração de quem acredita na gente.

Acreditar no coração de quem acredita na gente é uma das leis de ouro.

Aprendi isso com os que passaram, estão, continuaram e continuarão comigo no porvir.

É, eu sei. Acho que o senhor sempre percebeu que eu acreditei demais. E também sinto que sabias do quanto é ótimo acreditar nos sonhos, nas metas, nos desejos, nos sentimentos do nosso mais singular Ser. Todavia, puxando-me a orelha, era p'ro senhor ter dito que: acreditar exacerbadamente de forma cega [em tudo] gera ilusões errôneas e distorcidas seja lá do que for.

Ou será que o senhor queria que eu aprendesse isso sozinho?

Não sei. Estou apenas com 13 anos. E queria dizer que sinto muito por faltar mais demonstrações do quanto seu modo de viver faz falta pra nós, os que ficamos em casa.

Lá naquela casa. Na sua casa. Nossa casa.

Entretanto, era pra você ter me avisado que ao dizer que gostamos de alguém, não deveríamos dizê-lo abruptamente. Que ao partir na conquista de nossas conquistas deveríamos ter leveza e seriedade no agir, no pensar, no cativar. Que uma amizade verdadeira vai além de simples gostos comuns. Que é preciso bem mais: sorrisos, choros, calçadas, sinceridades, noites e dias ensolarados.

Certa vezes, não raras vezes, nesses onze desde sua partida, já criei auroras com pessoas importantes por demais na [e para] minha vida. E meio que queria te contar isso já faz um tempinho, sabe... Dizer que aprendi aceitar uma espera vindoura de outra espera como uma grande promessa de felicidade. Dizer que acho que todo dia super feliz deveria vir ensolarado com gosto de praia. E te afirmar que toda noite inesquecível deveria neblinar ao som de uma melancolia gorilesca.

Não igual a melancolia que estou sentindo nesse momento, a Melancolia de Número Onze. Por quê? Ora, pai. São onze anos e aquela misturada de felicidades e tristezas na medida que a vida escolhe e coloca pra gente beber. Onze tempos de viver a perplexidade nos hiatos errados que, no fim final, acabaram por se tornarem os certos. Onze galáxias pra conhecer novos mundos e misteriosos universos; onze desejos no meu saco de ilusões cheio pela borda; e mais onze para saber secá-lo de maneira correta até o fundo, ao lado de quem amo e acredito.

Isso mesmo, pai, você não somou errado. O senhor sabe; eu sei. Nós sabemos. Segredo.

Onze anos de partida e de chegada. Onze anos de onze horas de onze minutos e onze segundos: suspiro. E o que resta são onze saudades com saudações de onze amigos de domingos de onzes.

E é isso. Continuarei com treze anos. Para sempre. Continuarei lembrando de tudo que passamos no meu lembrar. Não esqueça que lembrarei do seu primeiro sorriso ao me colocar criança de berço em teus braços e esquecerei de todo sofrimento e lágrimas tristes deixadas no cair de uma tarde de sábado às quatro horas de uma memória qualquer.


Prentice Geovanni

The Wallflowers

a incerteza de buscar quais palavras certas deveria dizer acabou por deixá-la perdida.
sua cumplicidade com gosto de chuva permeou todos os olhos do mundo, e mais: fizeram-nos chorar.

quanto custa um abraço?
quanto nos pagam por um poema para ela?

seu sorriso já me basta?
seus caminhos me pertencerão?

nunca.

mas a noite estrelada, com vento lateral e coração na mão, sempre estará presente nos meus sonhos.
assim, como o sentido de adeus, na canção da ilha, com ela me esperando dizendo "sim, certamente que sim".

me falaram, e desejaram: vá ser feliz.

feliz, feliz, feliz.

Prentice Geovanni

TEQUILA's

Na busca pelo encontro perdido, ela se fez ponto distante.
seu coração estava bravo e suas estrelas partiam ventos de luz.

como tudo era confusão, o caos revoava por entre os dois.
levando poeira de sonhos, biscoitos de memórias e rancores indevidos.

o seu maior desejo era estar ao lado dela: para fazê-la sorrir, sonhar e contar como seu sorriso sempre fez falta.
(mesmo sem nunca tê-lo visto)

Nossa! o mundo é mais colorido ao conhecê-la.
mesmo de longe.

tão longe.
tanto na vida, quanto nos momentos.
tanto nos sentimentos, quanto nas horas que se falam.

desculpas não caberão agora.
mas poesia sim.
pois ela é sensível e sabe que é muito, muito, Tequila.

e tequilas devem ser bem cuidadas. Pois doses erradas, podem apagar toda história que vale a pena ser contada.
ser criada.
e, principalmente cultivada.

por fim, o mais importante, é que o seu brilho continua chegando até mim.
E eu não vou perdê-lo de vista, nem de sorrisos.

Prentice  Geovanni

diálogo envelhecido.




- mas é só ilusão sua.
- cê acha?
- na realidade, muita coisa mudou
- em você, com você.
- é mesmo.

Prentice Geovanni

Engano.

Bem, antes de qualquer coisa, eu parei com a prosa. É, dei um tempo. Fui encontrar meus penhascos de melancolia e embarcar nos campos da poesia.

É, eu sei, é estranho te escrever isso, mas o que te dizer? Quando se trata de escrever, mentir não combina comigo.

Muito menos quando, na verdade, o verdadeiro gosto de café nos é amargo; e a doçura apenas uma ilusão numa tarde de domingo de janeiro, não é?

Por isso, me desculpe pelas ferrugens e... enfim, partamos para o seu texto. Com alguns asteriscos.

***

No início, pensei que cada pessoa plantada na minha vida fosse como uma memória da minha infância que - por culpa do tempo - eu havia esquecido.

Cada surgir de amigos, me fariam lembrança completa e os anos em vez de envelhecerei, se tornariam crianças.
Foi assim, começo de caminhada, encontrando pedaços de um tempo perdido, que acabei chegando até você.
Ou você chegando até mim, não sei.

Mas sei de algo importante: que a Medicina te fará muito bem. Te digo isso, pois teus olhos mudaram bastante desde a primeira vez que te vi.
Antes seu olhar era fechado como se fosse sempre chuva, agora eles são águia voando alto, aproveitando o vento que surge em tua vida.

E isso mostra o quanto estás feliz. Logo, por sonho e acompanhação, também estou feliz.

Feliz pelos novos caminhos, feliz por me usares numa canção do Dylan, feliz por ter guardado comigo uma estrela que enxerga meu céu pintado - de longe - na noite sem fim...

***

Então, meu bem. Em parte concordo com seu texto. Só em parte. Pois levo comigo o pensamento que todo tempo que nos é dado, é o tempo certo.
Não importando se foram segundos, minutos ou eras. Oras, foi o tempo certo e pronto.
E você soube utilizá-lo muito bem quando esteve comigo;
mesmo com Poe estando certo e errado - afinal, nessa vida, somos sonhos se tornando realidade em todos os momentos que contemplamos nossa existência.

Por conseguinte, com distâncias e tudos, permanences comigo, ao lado da estrela que me presenteaste.
Junto com o alto mar e as lições sobre "como alcançar seus sonhos em sessenta vidas".

***

Ei, lembre-se, você deixou uma semente. Você plantou um lapso de tempo em nossas vidas e, dependendo de como sejam nossas escolhas, acabaremos em algum lugar espaço-tempo.

Não me esquecerei disso, assim como você também não. Pois, a canção já está sendo tocada antes mesmo de entendermos a melodia.

E o que nos falta é lembrar da promessa prometida - que todos prometem - na árvore da vida. Promessa essa de prometer sempre: nos encontrarmos sob o mesmo céu, de frente ao mar.

***

E obrigado pelas palavras.
Suas, e somente suas, palavras.
Elas ecoam no meu coração.


Prentice Geovanni