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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Sobre um Pouco de Dias dos Pais e Calçadas.

Dedicado à uma pessoa cheia de Graça, que me aceitou como uma exceção.

Ao pergunta a Uma amiga sobre o que eu falaria no texto do Dia dos Pais, ela me disse o seguinte: fale das alegrias, fale principalmente das alegrias vividas por vocês dois. Seguindo seu conselho, meu bem, assim farei, com meu toque melancólico de sempre, é claro. 



***  

Quando eu era criança lembro-me do quanto eu gostava de ficar sentando na velha cadeira de balanço, lá de casa, vendo televisão. Era uma cadeira muito boa, até hoje é. O balançar dela é incrível.

Só quem já se balançou numa cadeira dessas sabe do que eu estou falando. É como se eu, sei lá, voasse para as mais longínquas datas futuras em busca de alguma coisa concreta para meus pensamentos. Acho que sempre acreditei nessa cadeira como sendo um trono. Um trono no qual eu me sentava para ver o meu minúsculo mundo, meu fútil universo particular. Como era bom se balançar naquela velha cadeira, fosse depois de um almoço de domingo, fosse enquanto assistia o velho Dragon Ball nas tardes de sábado no canal Bandeirantes.

Porém, tinha um problema.

A cadeira, ou o trono, não era somente minha, era do meu Pai também. Aliás, a cadeira era somente dele. Minha pessoa era apenas o intruso. Eu era simplemente aquele garotinho que a ocupava nas horas vagas, principalmente na hora em que não havia jogos de futebol, seja de qual time fosse. Assim como um guerreiro lutava por sua donzela, eu lutava por um lugar naquela cadeira. Meu Pai, Senhor Feudal, eu, servo, vassalo.

Sempre amei muito meu pai, mas eu tinha tanta raiva quando ele chegava para assistir seus programas na televisão e eu tinha que me levantar para ir fazer qualquer outra coisa. Ora, lá se iam meu Dragon Ball, meus Cavaleiros dos Zodíacos, enfim, meus desenhos "de olhos grandes" como ele mesmo os chamava.

Além disso,- pois é, tenho mais queixas - existia algo que me deixava mais raivoso ainda: eu odiava levar a cadeira de balanço para ele sentar lá fora, na calçada. Eu sempre saia resmungando ao arrastar meu trono para fora de casa. Eu saia puxando-o, enquanto, ele, meu Pai, vinha de muletas nos meus percalços. Eu me indagava "Por que não minha irmã? Por que Sempre eu, sempre eu!?".

Agora, depois de muito tempo, percebo que aquelas idas e vindas, da sala para a calçada e da calçada para a sala, realmente serviram como uma grande lição de aprendizado para mim. Qual lição foi essa? Talvez qualquer dia eu conte. Mas adianto, fazer esse serviço de translação toda noite serviu, até hoje, para que eu não fosse mais aquele garoto imbecil, resmungão, por causa de trivialidades e que eu enxergasse muito além do meu egoísmo. Hoje, (deixo claro: esse hoje refiro-me ao presente e não somente ao Dia dos Pais) percebo o quanto eu deveria ter feito meus "carregamentos" com orgulho, e não com má vontade, como eu fazia. Afinal, os tempos solitários naquela calçada foram os melhores momentos que tive com ele, meu Pai.

Ali, sentados, sob a luz fraca dos postes, embaixo da guerreira árvore de castanhola, banhados pelo brilho das estrelas e de frente para o Correio, certamente será essa a melhor lembrança que terei de nós dois, de pai e filho juntos. Acho que foram esses os momentos marcantes e mais felizes que minha amiga me aconselhou a lembrar e falar por aqui. das alegrias solitárias que tive com meu pai, no seu trono, e eu, no chão da calçada, ao seu lado.

Realmente é uma baita de uma boa lembrança... E a cadeira? Ainda estar lá em casa, mas não é a mesma coisa sem seu verdadeiro Rei. 



***

E para não dizerem que não falei de heroísmo...

Na oitava série, quando meu pai fazia hemodiálise, eu adorava quando ele trazia o lanche - era um cachorro quente - da clínica para mim! Tirando o cachorro quente do Arlindo, eu acho que àquele, o que meu pai trazia para mim, sempre foi o melhor que já provei. Acho que o sabor tão gostoso era por causa da alegria de sempre vê-lo voltando exausto da sua luta, porém vitorioso.

Vida de quem faz hemodialise não é fácil. Recordo-me que o grupo do meu pai saia às seis da matina para chegar por volta das seis da tarde em casa. Sempre vi eles como um bando de heróis. Lutando para viver mais. Três dias por semana, segunda, quarta e sexta. Pouca agua, dieta regulada. Ali sim era um campo de batalha provando resistência, "mas o mais importante era manter sempre o sorriso e a alegria no rosto." Já dizia um deles, o Grande Serginho.

Dito isso, fica a dica clichê (mas dependendo da análise de crítica de cada um, se tornará em algo original, pois cada pai e filho se relacionam à sua maneira): quem tem seu pai chegue nele e dê um abraço e diga que o ama. Eu lembro de já ter abraçado o meu e desejado feliz Dia dos Pais também, mas dizer ali na lata um belo de um "eu te amo, Pai!", que eu me lembre nunca fiz isso. É uma pena. Felizmente todo pai sabe que seu filho o ama, e o meu sabia que eu o amava. Muito.

Enfim, não esqueçamos dos melhores tempos que tivemos (ou temos) com o nossos pais, ou com quem nós consideramos nosso pai. Pensemos nisso, pois cadeiras ficam e pais se vão.

Feliz Dia dos Pais atrasado para todos leitores refugiados por aqui. 



***

Agora, que tal irmos em busca de um impossível Sundae Classic's do bob's?


Prentice Geovanni

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Como Namorar Um Estudante de Medicina.

1. Não espere vê-lo. Nunca. E não adianta chorar, espernear, bater perna porque ele dificilmente poderá dedicar muito do seu tempo a você. Um estudante de Medicina tem um compromisso muito maior com os estudos (ou pelo menos, teoricamente deveria ter), até porque ele tem consciência de como foi difícil conseguir uma vaga na faculdade. 

2. Aceite o fato de que eles terão muitos, muitos, muitos casos. Com os livros deles. 

3. Aprenda a esconder as suas reações do tipo “Ai, que nojo!” quando ele resolver te contar tudo o que você nunca quis saber sobre as funções do seu corpo. E se prepare quando ele chegar em casa querendo te usar como cobaia para “treinar” todos os procedimentos que aprendeu na aula prática. 

4. Apoie-o quando ele chegar em casa chateado após uma prova ferrada de Cirurgia, e não se esqueça de lembrá-lo como você tem orgulho dele e como ele é inteligente, principalmente depois que ele receber a nota e descobrir que não foi tão mal assim. 

5. Não espere longas conversas pelo telefone, pois sempre haverá algum livro o aguardando do outro lado. 

6. Contente-se em passar datas importantes longe dele; provavelmente aquela prova de Cirurgia daqui a duas semanas será muito mais importante do que a festa de aniversário da sua mãe. Ou o aniversário de namoro de vocês. 

7. Não se sinta a pessoa mais à toa do mundo ao ver a necessidade absurda de estudo que ele tem. Para ele, provavelmente estudar mais de 8 horas por dia e passar noites em claro só à base de café não é nada fora do comum, e depois de um tempo torna-se rotina indispensável. Se você não se lembrar que ele faz parte de um seleto grupo de pessoas fora do normal, vai começar a se perguntar como é que conseguiu passar de período estudando apenas 2 horinhas por dia. 

8. Acostume-se com as constantes perguntas do tipo: “Já escolheu a especialidade?”, “Quer fazer residência aonde?”, assim como com as dúvidas a respeito dos mais variados sintomas e doenças (“Meu joelho está inchado, o que está acontecendo?”; “Minha tosse está carregada de catarro, qual remédio devo tomar?”), geralmente de familiares que esquecem que existe um motivo razoável para o médico levar 6 anos para se formar. 

9. Mantenha a calma ao ouvir desculpas “esfarrapadas” do tipo “você não pode esperar que eu me lembre disso, não tem espaço pra mais informação nenhuma no meu cérebro!” quando ele se esquecer de aniversários ou qualquer coisa importante. Em determinadas ocasiões, pode ser que a desculpa não seja tão esfarrapada assim. Afinal, quantas pessoas no mundo conseguiriam se lembrar de expressões como “adenocarcinoma coloretal” entre várias outras do mesmo naipe. E não esquecer o que você pediu de presente de Natal ?

10. Cultive suas amizades para não se sentir tão sozinho quando ele não puder lhe fazer companhia e para poder reclamar com alguém da ausência constante dele. Ou, caso não tenha amigos, pague um terapeuta para ouvir suas intermináveis reclamações. 

11. Não se incomode com os diversos olhares pretensiosos em cima do seu namorado, geralmente advindos de estudantes de enfermagem/nutrição e afins cujo sonho na vida é encontrar um marido médico; estando de jaleco, é impossível para elas desviá-los. O lance é se sentir lisonjeado pelo simples fato de elas morrerem de inveja de você. Apesar de ele passar a maior parte do tempo com elas no hospital, ele está com você e não com elas – diga não ao ciúme !!!!!! 

12. Encontro romântico = comida chinesa em frente à TV, nos minutos de intervalo do estudo. 

13. Um conjunto de férias consiste em um passeio pela rua a uma loja para comprar novas canetas marca-texto e papel para impressora.

domingo, 7 de agosto de 2011

Se Realmente Eu Fosse um Livro

Há um certo tempo, um pensamento fica em transição
no emaranhado de ideias que é minha mente,
se eu fosse um livro, como eu seria?

Se realmente eu fosse um livro,
gostaria ser um de muitas paginas,
para que os preguiçosos não tivessem interesse em ler,
mas nos aventureiros que fizesse brilhar seus olhos.

Se realmente eu fosse um livro,
que na primeira pagina seja posta uma dedicatória,
 
para que sejam gravados desejos e conselhos
para quem irá me receber como presente.

Se realmente eu fosse um livro,
que eu fosse saboreado junto com um bom lanche,
uma boa companhia ou uma boa musica.



Se realmente eu fosse um livro,
Que fosse eu procurado como uma forma de relaxar,
sair da realidade, buscar conhecimento,
uma forma de relaxar, de encontrar respostas.

Se realmente eu fosse um livro,
que minhas paginas fossem grifadas, pintadas e rabiscadas,
pois se aquele turbilhão de palavras
fez com que alguém se levantasse 
e pegasse uma caneta para executar tais ações
é porque aqueles trechos são de grande importância.

Se realmente eu fosse um livro,
peço apenas que minhas paginas sejam
tratadas com carinho e não amassadas
não sejam rasgadas pois serão partes de mim
que estarão indo embora, ficarei incompleto,
sem sentido e não mais despertarei
curiosidade de outros.

Hand Medeiros

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O Amanhã Colorido.

Minha eterna viagem... Tantos caminhos... Acho que já errei por querer. É, negligência. Acredite, foi um sentimento interessante. Ver de fora é diferente. Gosto de analisar táticas e pensar, mas me sinto obrigado a estar no campo de batalha. Errar o caminho e aprender o valor da rota correta é essencial. Espera um pouco... Correta? Se a rota do erro pode nos ensinar, esta não seria correta também?

O percurso, as pessoas que nos acompanham, o motivo que nos faz mudar de rota são elementos que podem nos agregar algo. Toda história tem sua lição, caro leitor. Foque-se no seu objetivo, mas vá olhando para os lados enquanto caminha. Pode ser que valha a pena levar mais alguém pra te acompanhar em certo percurso. Não é verdade?

Agora siga a vida. Trilhe os caminhos! Olha o trem passando... Vai ver até onde ele pode te levar com o que você tem, amigo!

Igor Nathan

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Junte-se a Nós.

Você pode ver um mendigo pedindo-lhe uma esmola na rua e friamente ignorá-lo, provavelmente você vai elaborar um motivo para tal atitude, pois a gente passa boa parte das nossas vidas inventando mentiras para nós mesmos. Vivemos fugindo da nossa própria consciência.

Você pode dizer que bandido tem é que morrer mesmo, até o momento em que o bandido é alguém que você ama. Pode ignorar a violência com a qual estamos destruindo a natureza, que com o tempo vai nos dar a resposta. Direitos humanos? Coisa de quem não tem o que fazer. Berra o senso comum.

Você pode e não há uma lei que o obrigue a pensar diferente. Você é livre. Mas é justo? É justo que milhões de pessoas morram de fome enquanto você pode ajudar a amenizar tal aberração e não o faz? É justo que em pleno século XXI, pessoas sejam condenadas a pena de morte por pensar diferente? É justo que pessoas sejam insultadas, agredidas, mortas por terem uma orientação sexual diferente? Não é. E eu não consigo simplesmente ignorar tudo isso.

Cada um pode encontrar um motivo para fazer o bem. Alguns fazem porque esperam alcançar uma recompensa em uma hipotética vida após esta. Eu acredito e luto por um mundo melhor por que entendo que assim deve ser. Simples assim. Sou humanista.

Na luta por esse mundo melhor, todos os credos, ideologias, devem dar as mãos. Só não pegue nas mãos do fundamentalismo, radicalismo, dogmatismo, pois essas mãos estão manchadas de sangue. Sangue inocente...

Sim, eu acredito que "O mundo" imaginado pelo eterno Jonh Lennon é possível.

“Você diz que eu sou um sonhador, mas eu não sou o único. Eu tenho a esperança de que um dia você se juntará a nós e o mundo será como um só”.

Diogenes Fagner