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domingo, 30 de janeiro de 2011

Sobre Melancia, Camarões, Água de Côco e Woodstocks.

"Você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente..." Caio Fernando Abreu.

Grande Sorriso, tudo bem? Por aqui a vida tem mudado bastante, dá até para sentir. Até mesmo tocar, sabia? Sinto que algo está diferente, e, como num quebra-cabeça, todas as peças de minha vida estão se encaixando no seu devido lugar.

Primeiramente, obrigado por ligar naquela Tarde Vazia de Natal, como sempre, me surpreendes, não é? Por isso, deixei essa música [Tarde Vazia - IRA] aqui acima, para que, enquanto você estiver lendo, possa sentir o que eu senti, ao receber aquela ligação às 13 horas e 21minutos do dia 24 de dezembro.

Ponha esse sorrisão de Melancia no rosto e ouça, sorria, e se emocione. Perceba, esse momento é só nosso, você lendo e eu escrevendo. É bom estar contigo nessa mesma frequência. Porém, peço-lhe desculpas por se conectar a ti somente agora. É minha amiga, ultimamente ando meio ocupado colocando em prática tudo o que havia dito para ti: continuo querendo ser a mudança que você quer ver no mundo. E, para isso acontecer, é necessário seguir outros caminhos e aperfeiçoar minhas atitudes.


Deixe-me renovar nossos laços. Afinal, faz um tempo que não mando notícias, é, eu sei, estou meio sumido mesmo da tua vida. Que tal começar essa renovação definindo nosso relacionamento? Huum... Não sou bom em definições, mas, irei arriscar dessa vez.

Melancia, para existir qualquer relação entre duas pessoas é essencial ter gestos. Como assim? Gestos em demonstrar afeição, gestos em se preocupar com as escolhas do outro, gestos em olhar para um "Sundae Classic do Bob’s" e dizer: “Estou cheia! Não aguento mais, Cabeção! Comi Muito camarão... Adoro camarão.”. E, junto com essa essencialidade, vem o gostar.

Gostar de alguém é algo mais profundo, é preciso lembranças, comunicação, vivências, audição, olhares, e, principalmente, escolhas de porta retratos errados. É crucial não saber escolhê-los, não é Sorriso? Odiei aquele que você escolheu para mim lá naquela loja. Tanta coisa bonita para escolher e você me vem apontar para um porta retrato? Ah vá. Entretanto, deixo claro, é de extrema importância não saber escolhê-los, pois, assim, eu passei a gostar mais de ti. E levei comigo a lição de que, provavelmente, o gostar se define em uma garota escolher um porta retrato, e se ela não escolher um que o cara não goste, agarre-a pois ela é única.

É Melan, és única mesmo, acredite.

Pronto, dito isto, podemos nos definir? Temos gestos? Temos. Gostamos um do outro? Gostamos. Você não sabe escolher um porta retrato legal? Não sabe. Então, qual a definição do nosso relacionamento? Somos capazes de defini-lo? Amizade? Namoro? Casamento?! Claro que não.

Aos poucos, percebi que criamos uma relação capaz de ultrapassar conceitos e nomeações. Não conversamos apenas como amigos, não nos olhamos somente por atenção, em vez disso, de perder tempo com definições e estabelecer limites, procuramos sentir o simples sentido de viver. Talvez, apareça alguma palavra para explicar nosso afeto de um para com o outro, mas até lá, por enquanto, fiquemos com indefinido. Essa será nossa definição: indefinidos.

Pois é, Garota do porta retrato feio, criamos uma indefinição! Algo raro hoje em dia. Quantos se nomeiam? Estabelecem limites? Para talvez, somente assim, serem felizes? Deixo claro, é de extrema importância ter um nome, ter limites, mas ser feliz só por causa disso, é um erro. Tanto que procurei por uma definição, entretanto, encontrei apenas uma indefinição para a nossa definição. Felizmente, somos indefinidos, posso gostar de ti quando bem entender, posso te amar quando estiver triste, posso te imaginar sorrindo para mim quando eu estiver feliz. Isso é indefinição minha cara, e indefinidos somos infinitamente. E conseguimos essa proeza com apenas Camarões, Água de côco, e um Woodstock de pelúcia.
 
Obrigado, por tua maneira de chegar sempre de surpresa. Admiro seu rostinho quando estás rindo, acho fofa sua risada parecida com um soluço. O jeitinho que balanças a cabeça enquanto está me escutando é marcante, és a única que faz isso. Amo quando vens "desarrumada", de uma maneira bem simples mesmo, apenas com uma mochila nas costas, uma roupa surrada e um belo sorriso de Melancia.

Só para nós aqui, mas procuro captar cada detalhe seu: os desenhos em três dimensões e as tuas contra-argumentações para minhas queixas. Dito isto, fico por aqui.

Eu: "Estou cansando..."
Você: "Tome um banho."
Eu: "Estou com dor de cabeça."
Você: "Vá dormir."
Eu: "Estou triste..."
Você: "Estou aqui."
Eu: "Estou com fome?"
Você: "Não vem comer aqui em casa porque não quer."
Eu: "Não consigo."
Você: "Quer apanhar?"
Eu: "Me deixa em paz!"
Você: "Vou te frechar pra caramba."
Eu: "Como eu estou? Estou por aí. E você?"
Você: " Estou por aqui."
Eu: "Ah vá!"Você: "Ei, você devia me tratar melhor, pois sou sua Rosa, e preciso de uma redoma de vidro para me proteger do frio noturno."
Eu: "Estou com medo desses olhos..."
Você: "Pois preste atenção neles, Rapá!"
Eu: "Somos de mundos diferentes, diferentes ambições, é cada um busca de seu mundo..."
Você: "Prentice, o seu mundo sou eu."
Eu: "Hein?"
Você: "Nada! Só estou beba de sono."

Sim! Espero sempre continuar com esses diálogos contigo Melancia.
Até mais.


Prentice Geovanni

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