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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Quando eu voltei para o “Goiás”.

"Sofremos demasiado pelo pouco que nos falta e alegramo-nos pouco pelo muito que temos." (W.Shakespeare)


Amanhã cedo estarei de saída para mais uma viagem, cujo propósito, como da última vez, será evadir, fugir da rotina e desfrutar o pouco tempo livre que ainda me resta de férias, puro entretenimento. Eu, no entanto, farei por ora um suspense, mantendo o mistério sobre esse novo destino: a revelação vai ficar para a próxima postagem (mais uma tentativa possivelmente frustrada de cativar alguns leitores).

Mas isso é outra história. O que importa aqui é aquilo que aconteceu no mais recente episódio de minha saga pelas terras potiguares, há menos de uma semana.
Repetindo o roteiro e cumprindo algumas promessas à Santa Rita, voltei para a terra onde eu me sinto em casa fora de casa, ou seja, “para o Goiás” – Santa Cruz/RN, para os desinformados – a fim de participar da comemoração do aniversário de um grande amigo meu. Claro que isso foi apenas um pretexto porque, na verdade, havia muito mais coisas não menos interessantes a serem feitas por lá; e não estou me referindo às sempre oportunas
experiências etílicas e sociais.

Como eu sei que a duração da efêmera atenção de vocês não chega a alguns parágrafos, pretendo me atear apenas àquilo que de mais importante aconteceu nessa viagem: o breve, porém significativo tempo que compartilhei com os velhos amigos dos tempos de escola.

Eu sei, eu sei... Parece que estou tocando a mesma ladainha de um texto anterior em que falei sobre o natal em Santa Cruz. Ambas as viagens, entretanto, foram essencialmente diferentes: não somente pelo fato de os personagens terem sido outros, mas, sobretudo porque desta vez não havia nenhum roteiro prévio, exceto o aniversário anteriormente comentado. Quer maneira melhor de descobrir as coisas, encontrar pessoas, ser surpreendido, enfim, aproveitar uma viagem do que se entregar à “música do acaso”?

Mesmo para alguém que, como eu, já está acostumado com o poder das coincidências, chegar a Santa Cruz e reencontrar aleatoriamente vários amigos dos tempos de colégio, pessoas que fazem parte de meu mundo e que moldaram a construção de minha personalidade, de meu caráter, reunindo-os e envolvendo-se junto com eles em uma atmosfera contagiante é, de longe, sempre surpreendente; para não dizer memorável!

De fato, nós temos uma festa exclusiva para isso: o reencontro. Todavia, em decorrência da enigmática viagem que falei acima não poderei, excepcionalmente, comparecer ao próximo, que acontecerá em poucos dias.

Esses novos momentos me fizeram lembrar de um antigo e, ao mesmo tempo, atualíssimo poema, inspirado no último desses reencontros, cujos versos foram esboçados na quase total escuridão de um ônibus na viagem de volta. O manuscrito onde ele foi redigido permanece até hoje guardado em meu relicário (leia-se, na gaveta do computador):



  FOTOGRAFIA

E o que vai ficar na fotografia
é o laço invisível que nos unia
Sorrisos, abraços, motivos
Reminiscências de uma era remota
cujas lembranças já fogem da memória
mas que a chama é mantida acesa
por um pedaço de papel fotográfico
ora mofado, ora intacto
Almejado pelas traças
Sujeito às impurezas



Mas sempre desencadeando
Aquela felicidade no âmago guardada
Vivida ao lado de irmãos escolhidos a dedo
Num lugar que talvez nem seja o mesmo

Quero voltar! No entanto, é impossível!
Os sinais do tempo já foram impressos
Restando-me apenas a fantasia
De um instante para sempre imutável
Numa folha de papel travestida de nostalgia...

O clima de saudosismo com certeza me fez resgatar minhas longínquas, quase esquecidas, aulas de física (física?). Lembrei que Einstein, em sua teoria da relatividade restrita, alertou para o fato de que ao se viajar a velocidades próximas a da luz o tempo alentece, ou seja, envelhecemos mais devagar. Eu posso até não viajar tão rápido quanto a luz, mas a cada aventura em que eu conheço um novo lugar, redescubro lugares antigos, ou simplesmente reencontro pessoas de outros tempos, rejuvenesço espiritualmente dez anos ou mais: após o retorno sinto-me mais jovial, mais engraçado, mais purificado, mais libertado... mais vivo!

É hora de arrumar as malas: no próximo texto trarei notícias de...

Gonzaguinha




4 comentários:

  1. Quando penso que já vi de tudo vindo de voces,descubro que não vi nem a metade do que voces são capazes!Acho que orgulho é a palavra,mas no bom sentido,estou orgulhosa de voces e estou orgulhosa de mim por te-los como amigos(sorriso).Gonzaga por exemplo, mais uma vez me surpreendendo,não só por suas vindas repentinas ao seu "Goiás",como também por suas postagens magnificas(corujando)!!!Gostei e estou gostando bastante do Blog,prometo ficar mais atenta a ele...Nunca foi um bom amigo quem por pouco quebrou a amizade,por isso não importa quão distante eu pareça(só pareça)estar de voces TODOS ,a amizade é um amor que nunca morre (pronto,chorei...rs).E por fim,esqueçam de mim nao!!!(uma ordem...rs)

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  2. É um prazer para nos que fazemos o refugio ouvir isso de vcs leitores. Isso nos leva a cada vez mais ficar comprometidos com essa causa, esse meio de libertação q pra mim significa fazer textos pro refugio. Obrigado Whú

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  3. Ótimo blog! Soube dele através de um amigo. Gostei.

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  4. Acho esse texto lindo: "Fotografia"!
    publiquei-o sem pedir licença, no meu blog, mas se vc não conceder eu apago tá?
    é que são tão perfeitas palavras que não me contive!!
    Abraço Luiz!

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