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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Todos os Caminhos Levam a Sítio Novo.


No limiar de uma provável expedição para Sítio Novo, lembrei-me da última vez em que estive nessas terras agrestes, há pouco mais de um ano.

Digamos... digamos que por uma série de circunstâncias inesperadas você se visse numa manhã de um domingo de verão, com um ar extremamente seco a ponto de ressecar sua córnea e mucosa nasal, e um sol de rachar, dessas quenturas que provocam queimaduras de 2º grau e rapidamente nos deixam em estado desidratado. O que você faria?

Enclausurar-se-ia em casa e assistiria à deplorável programação brasileira dominical: jornalismo sensacionalista e programas de cunho erótico apelativo? Ligaria o rádio e esquartejaria suas cócleas pela tortura musical de algumas (não todas) bandas atuais de forró e axé? Ou sairia, enfrentando as adversidades climáticas, ainda que vulnerável a toda sorte de intempéries: de envelhecimento precoce a eventuais carcinomas?

Foi exatamente pela última alternativa que optei. Protegido pela bênção de Deus, de todos os santos, orixás e pelo filtro solar fator 50, saí com bons e velhos amigos desbravando os sertões a bordo de um não muito confiável fusca. Para vocês mensurarem o desafio: fazer uma trilha num veículo que não seja 4x4 e que esteja na iminência de “ficar no prego” (perdoe-me, Artur) é para poucos corajosos.



Como dizem os filósofos de boteco: só existe o aqui e o agora. E para mim, o momento era uma estrada pedregosa, cheia de declives, aclives e sinuosidades, o que, paradoxalmente, me trouxe um imenso prazer: como foi bom sentir-me independente, livre de rédeas sejam elas quais forem; poder admirar a paisagem ao redor, sentir o cheiro de cada cenário, o barulho ou o silêncio da contemplação. E tudo isso à toa, ao léu, sem GPS, bússola ou tecnologia muito sofisticada, e o mais importante: sem preocupação com horários ou padrões sociais. Olhar pelo retrovisor com o vento esvoaçando meus cabelos e dizer, como Morgan Freeman em Invictus: “eu sou o mestre do meu destino, o comandante de minha alma”.

Só consigo vislumbrar uma música para descrever esse momento: “Born to be wild” de Steppenwolf.

"Get your motor running
Head out on the highway
Lookin' for adventure
In whatever comes our way
Like a true nature's child
 We were born, born to be wild
We can climb so high
I never want to die"

Poucas vezes viajei para um lugar tão tranquilo, simples, humilde e, ao mesmo tempo, tão aconchegante e propício para quem deseja fugir de tudo aquilo que é trivial na capital potiguar: trânsito caótico, poluição atmosférica, som infernal de buzinas, coletivos lotados, horários a cumprir dentre tantas outras desumanidades.

Em Sítio Novo foi diferente.
Sabem o que é passar horas com o celular fora de área? Ouvindo apenas a sinfonia dos grilos e dos pássaros? Sem ver uma “marca registrada” internacional – exceto a famigerada e onipresente Coca-Cola? Simplesmente o sonho, a pedra filosofal tão cobiçada por pessoas como eu, detentoras de um forte espírito aventureiro.

Foi, em suma, um dia de grandes experiências, e que experiências...

Engana-se quem pensou que nosso grande achado na jornada foi algo muito vultoso, apenas revivemos o valor da simplicidade, do momento. Decerto, enriqueci interiormente: fiquei mais leve, mais apto a pensar em coisas novas, decisões importantes, novas ideias e projetos. Viajar, na verdade, foi uma busca por nós mesmos. Retornamos então aos respectivos lares melhores do que quando partimos.


Gonzaguinha

4 comentários:

  1. -KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
    Adoreeeiii, ou melhor, ameeeii..ameei![rindo akii aindaa].
    -êêê saudades do meu Goiás!
    Lembrando-me de minhas efêmeras aventuraas!
    Ahsuhsuhasuhsushua

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  2. ficar no prego, Morgan Freeman, famigerada coca-cola tudo isso em Sitio Novo!

    q o poder do filtro solar fator 50 o proteja em mais empreitadas! ótimo texto! e pelo lido foi um divertidíssimo dia!

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  3. As vezes, a felicidade está nas coisas mais simples da vida, a simplicidade se torna uma valvula de escape para os que cansam rotina na capital!

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  4. Aventura com os colegas de infância: não tem nada melhor...kkkkkkkk E em sítio novo, melhor ainda.
    Luiz faltou falar que o carburador secou, precisamos pegar água em uma casa no meio da estrada entre outros problemas...mas no final tudo foi diversão!! kkkkkkk

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