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terça-feira, 20 de setembro de 2011

Quero de Volta a Mansidão de Antigamente,

Como um lago era eu, superfície calma, tranquilo
onde o vento faceiro passava suas longas madeixas
em meu corpo e eu vermelho tímido,
achava graça daquele afago carinho e inocente.

Hora e outra vinha um barco,
perturbar minha superfície,
mas pedia com toda a gentileza:

com sua licença jovem rio,
venho aqui apenas pra refletir um pouco sobre a vida
pois assim como você, eu também já fui um lago
mas perturbado hoje sou e de minha forma original
só me resta a lembrança.





Me perguntei o que haveria de ter acontecido
de tão grave com o tal ancião 
para que algo assim tivesse o atingido.
Até que certa tarde vieram humanos em grande algazarra
e sem ao menos conversar, afligiram minhas margens
com pedras, paus e tudo aquilo que tinham ao alcance.

Não pude e não quis fazer nada,
pois não é de meu feitio machucar ninguém
tentei, em vão, chamar-lhes atenção
pois aquilo que faziam comigo me machucava.

Quando toda aquela sessão passou
estava eu deitado na lama.
Me sentei, coloquei as mãos em minha fronte
e pensei: nunca mais serei o mesmo.


Hand Medeiros


Um comentário:

  1. "Ser como o rio que deflui silencioso dentro da noite." Já dizia o velho Manuel Bandeira.

    Sempre trazendo um pouco de poesia para o Refúgio, você, meu caro amigo, nos faz despertar o quanto é necessário saber quando se estar na lama. Nos faz despertar o quando é necessário colocar as mãos em nossas frontes e pensar que nunca mais seremos os mesmos.

    Espalhe a poesia por onde andares e continues assim: cheio de multidões dentro do teu espírito. Continues praticando o ato de ser poeta, mesmo quando não houver mais necessidade para praticar tal ato.

    Até mais, e continuemos à procura da mansidão de antigamente.

    Prentice, diretamente da conta do Refúgio.

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