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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Aventura e Doravante.

Doravante estava com um pouco de saudades. Aventura não saía de seus pensamentos apressados e corriqueiros. Na verdade, ela não entendia o motivo de sentir tal sentimento de ausência naquela manhã calma e chuvosa que sempre a acompanhava. Ora, seus encontros com Aventura eram apenas de risos, divertimentos e implicações de um para com o outro, e, evidentemente, não havia necessidade de ficar assim: tão nostálgica e repleta de tédio. 

Ai,ai... Semprequeolhoparaminhabolsinhapequena...
Lembro-medasperipéciasquepassamosjuntos...

Doravante sem Aventura era como Aventura sem Doranvante. Pode até parecer redundante, mas não é. Pois a solidão, para os dois, é a espera pelo encontro (coisa rara hoje em dia). Ou seja, nesse quesito, o de sentir saudade e o de estar presente, ambos tinham o mesmo sentimento: o de ficar frente a frente o mais rápido possível. Tanto para contar suas aventuras (ele), como para contar de suas pressas (ela).

Enquanto Doravante sentia suas apressadas saudades, Aventura sentia vontade de ligar para ela. Mas, estava (só um pouco, afinal ele era impulsivo e aventureiro.) receoso de incomodá-la. Além do mais, ele não tinha muito o que falar para a própria. Estava cansando de conversar sobres os mesmos assuntos: diversões, aventuras e adrenalinas a flor da pele. Hoje em dia isso está tão fora de moda. E esse papo, meu caro Aventura, cansa demais. Saiba, meu querido, toda mulher gosta de ficar tranqüila (mesmo as apressadinhas, não é Doravante?) ao lado de quem ama, e ela, meu nobre amigo, apesar de toda sua pressa, não foge a essa regra. Estou errado? Se eu estiver, por favor, corrija-me.

Droga! Devia ligar para ela... Para dizer o quê? Um bom dia? Um ótimo dia? Um perfeito dia? Estamos tão longe, mas ao mesmo tempo tão perto...

Só uma ligação às seis da manhã de um dia chuvoso, de um início de um belo dia, é que os separam de dar aquelas calorosas palavras a quem gostamos tanto: Estou com saudades, gosto muito de ti, tenha um ótimo dia, meu bem! Beijão! Estou com saudades!

Será que somos como Aventura? Sempre em busca de emoções, entretanto, com medo de senti-las? A busca por alguém precisa ser tão cheia de mistérios e inseguranças? Pensar demais é um problema? Ou inteligência? Como saber se ela também estar sentido o mesmo por você, caro Aventura? Não há como.


Deixemos nosso duvidoso Aventura com suas dúvidas e nos foquemos, por fim, em Doravante. Ei, dona da rapidez, não fique se achando só por causa disso, ouviu? Só sentir não quer dizer nada da parte de Aventura. A saudade é apenas um estado inconstante, este, por sinal, pode ser deixado de lado com uma leitura, com um jogo de xadrez, ou, até mesmo, com uma boa noite de sono. Saiba, querida, que ter saudades não é nem mesmo motivo para felicidades, nem muito menos, sorrisos. É saudade. Somente saudades. Saudades de estar ali. Perto. Ao teu lado. Escutando uma música Laranja: 

Venha sem chão me ensina a solidão de ser só dois.
Depois te levo pra casa,
Que o teu laranja é que me faz ficar bem mais!

E Aventura não ligou para Doravante.

Prentice Geovanni



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