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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Go, Daniel!

Da série: Vamos Detonar Novamente no Espaço-Tempo!

Grande Daniel!

Um dos meus exemplos. O cara que eu sempre admirei e quis ser. O concorrente, o companheiro, o professor, o amigo. Mas quem é Daniel? O bom amigo, o bruto com as palavras? O médico? Vai saber. Daniel está se formando, assim como todos os outros, que estão interligados com ele.

***

Do primeiro contato com esse danado, lembro de termos nos aproximado por meio de algumas mensagens. Não sei muito bem, se foi eu que pedi conselhos, dicas, ou, se foi ele que já me veio com elas. Não lembro. Contudo, e com toda certeza, as dicas eram boas.

Uma das melhores, uma que nunca me esqueci, foi enquantos caminhávamos na rua do Banco do Nordeste: "estude biologia com força! Aquela parte de botânica, coloque pra descer!".

Tiveram outras.

Essas vieram por mensagens antes da prova: "Prentice, força, cara. Os professores acham que vai cair isso e aquilo, portanto, se lembre disso, disso e disso...".E eu me indagava: "Ele sabe que sou concorrente dele?" Porém, sempre agradeci e sempre desejei uma boa prova para ele.

O mais legal é que eu sempre acertava o que ele me dizia. Mas não entendia muito bem qual o motivo dele se preocupar com um cara que conversou tão pouco com ele... e, quando conversou, foi por algum interesse. Nunca fiz perguntas de como a vida é dura em natal e o quanto de solidão ele deve ter passado. Só fiz perguntas idiotas, sobre assuntos idiotas.

Mas, aos poucos, mudei isso. Mudamos. Como? Não tenho a menor ideia...

Todavia, acho que nos aproximamos mesmo, foi quando ele passou no seu vestibular. Nunca me esqueci daquela tarde que ele passou com o velho moto táxi, com a cabeça raspada, com um sorriso no rosto, acenando pra mim com um boné em mãos e gritando: "Depois Passo Aí!".

E ele passou. Assim como outros (Marcela, Romero, Gonzaga) passaram. Todos falando que é possível, que é só ter fé, persistência e foco.

E é sim. Eles estão certos. Todos entendem o quanto é precioso ter uma vida em mãos. Uma criança, um adulto, um idoso. Cada um sabe a valia de um diagnóstico certo, de um parto bem feito, de uma vitória para continuar no jogo da vida. Mas também, eles sabem o que é o desespero por não entender determinada coisa, de enfrentar a morte de perto, de saber as carências que existem vida adentro. Dentro da gente.

E sabes [bem] disso, Daniel. E também não vais esquecer disso, Daniel.

Assim como eu não esqueci daquela vez que você passou aqui em casa pra gente autenticar toda documentação para sua matrícula. Lá, no cartório, um senhor na calçada, nos parou e disse: "olha aí, passaram no vestibular?", acho que cada um respondeu sua resposta. Você que sim, eu que não. E, logo após, esse mesmo senhor olha pra mim e diz: "máh, rapáh, eu via você toda tarde, com seu caderninho, indo pro CEDAP e nem passou?!" E colocou um sorrisão no rosto, depois de dizer isso. Em resposta você ficou calado, e eu dei o velho sorriso amarelo de "Que filho da puta!".

Dentro do cartório não falamos sobre o senhor. Autenticamos o que tinha para autenticar e pronto. Ao sairmos, lembro de não termos um mínimo de cabimento com esse senhor e, ao enrolarmos a esquina, você meio que quase gritando fala:

"Ahh! Cabra Cavalo! Aquilo é um Cavalo!"

E eu rindo muito, confirmei:

"Cavalo? Cavalo, sim!"

Esse dia foi massa. Assim como o do seu churrasco, do seu alistamento... (Esse foi um dos melhores, mas não contarei aqui) Claro que tiveram outros momentos únicos e singulares... (lembra que íamos fazer trabalho lá na casa de uma pessoa só pra comer bolacha amanteigada? Ê tempo bom!)

Porém, o fato é que você sempre foi aquele garoto que foi pra Natal e toda turma ficou aqui. E [porém do porém] quando você voltou, passado em medicina, você comemorou com a gente. Comemorou com a turma que você considerava. Como se a vitória também fosse nossa. E, olhe, que naquela época não tinha Facebook pra conectar todo mundo. Era coisa de sentimento mesmo e respeito.

E, saiba, meu caro, fora você ser dedicado na medicina [e em tudo que almejas - ensinar, por exemplo], algo que sempre admirei em você e nunca te disse, é isso: saber quem realmente importa na nossa vida e saber a quem se doar e colocar na nossa vida. Para que assim não ocorra uma perda de tempo... Para que assim ocorra uma diferença entre o que realmente vale a pena lutar e o que não vale a pena lutar tanto assim.

Obrigado, por ensinar isso, cara.

Mas, voltemos ao que interessa. Afinal, não estou aqui para embelezar o que vivemos. Artur, Galileu, Marcus [vigia], Magnun [e sua biz amarela], Igor, Franklin, Carlinhos, Mikhail, Gonzaga, Helem e outros, sabem que isso não é preciso (inclusive você).

E acho que a maior finalidade desse texto [para a Vossa Senhoria] é servir como rito de passagem, pois, Cara, você se formou e tem uma nova etapa de sua vida para fazer bem. Bem feita. Você sabe o quanto sofreu, você sabe o quanto foi difícil. Só você sabe como sonhar é ao mesmo tempo tão desgastante e recompensador. Só você sabe a satisfação de chegar ao fim e a um início. Só você sabe o que lhe foi tirado e o que lhe foi reposto. Só você sabe como contribuir e melhorar vidas.

Só você sabe: tudo o que aprendeu e o que tem para aprender!

E [sim] você soube, mesmo nas maiores alturas, ser sempre quem és: o Daniel que procura saber da gente com a seguinte pergunta "E aí, mestre? Tudo em ordem?"; o Daniel que se preocupa conosco; o Daniel que sempre esteve nos natais na velha pracinha...

Você é o Cara, Daniel. Lembre-se disso. Jamais esqueça.

***

Mas e aí? sabemos quem agora é Daniel? Provavelmente não.

Pois Daniel [ainda] está se formando... Não apenas em medicina, mas como ser humano, como uma pessoa que cativa quem tem de cativar, como uma pessoa que vai cuidar [e cuidar bem] de quem precisa, como um desbravador em busca de uma terra desconhecida, de uma cura, de um refúgio.

No mais, falarei o que você sempre me disse e o que os nossos amigos dizem pra gente: "Vá confiante em direção a seus sonhos. Viva a vida que imaginou". - Henry David Thoreau

Daniel Rogerio

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Da vez que...

Pode parecer estranho, mas mesmo não sendo, porque estranho é tudo aquilo que não se conhece, e, em se tratando disso, caso conhecido, portanto, não estranho, visto de vista, presenciado de presença, olhado de longe: sabido; foi assim, que surgiu, de passagem passada, no tempo, minha vó.

***

"Quem num pode com o pote não segura na rudía. Antes, nessa rua daqui da frente, no lugar dessas galerias, tinham Caibeiras. Seu avô dizia que cansou de levar Bidú, Compade Zé, Galego e tantos outros para casa. Tudo medroso. Ficavam conversando até tarde e, na hora de se ir, ninguém queria ir, ir só. Por acaso, ele era moleque de entrega? Nada. Era corajoso. Não tinha medo de assombração. Aqui, no esquisito, cheio do mato, via-se passar muitos malassombros. Homem do caixão na cabeça; mulher chorando, se lamentando, na calada de noite; cachorro preto 'doszolhos' vermelhos - grandão; a mulher vestido de preto que acompanhava quem passasse sozinho, lá, 'praquelas' bandas do cemitério velho; e a porca dos dentes de ouro e seus filhotinhos. Zuada danada. Se lembra da 'purteira' do balanço, né? Muita gente já levou carreira por ali. Por isso, lhe digo, quem levanta 'difunto' encontra assombração. Se existe ou não existe... não sei. É preferível rezar e se confiar em Deus. Esse negócio de igreja, de ir todo dia para missa, não. Domingo já tá bom. E se não tiver de chuva. Num vou adoecer. É o padre que vai vir me dar remédios. nam! Puxei ao meu pai.

Antônio. Minha mãe chamava: Antôn-ní-nhó. Era engraçado. Pai era uma graças. Brabo. Teve uma vez. A da calçada. Uma vez ele inventou de fazer a calçada lá de casa. Pai fazia de tudo. Tinha oficina, montava casa, desmontava o que tinha de desmontar e fazia raiva. Não muita. Mas o bastante.

- Seu Antônio. Num pode fazer calçada assim. Lisa, lisinha, desse jeito. A prefeitura num deixa.

- A calçada é minha e eu faço do jeito que eu quiser. É 'prá' danar queda em gente! Quero ver nêgo se danando no chão!

- Seu Antônio, e as crianças, seu Antônio?!

- Que faça de conta que essa calçada é do cão!

Nessa hora, mãe apareceu e disse:

- Do cão não! Deus me livre!

E ele desdizia:

- Do cão sim. Do cão! É pra danar queda em gente! Quero ver as pernas de quem cair assim, blummm, no ar.

Assim dito. Assim se fez. Calçada feita. Lisa que nem manteiga. Escorregava que era uma beleza. Daí, deu uma chuva e o primeiro a cair na calçada quem foi? Ele. Na mesma hora, instante, se levantou, foi lá dentro, pegou as ferramentas e, enquanto quebrava a calçada todinha, dizia alto e na chuva:

- 'CACHORRAh DA 'MULESTAh'! VOCÊ NUM VAI 'DÁh' MAIS QUEDA EM NINGUÉM, 'INFILIZ' DOS QUATROCENTOS SEISCENTOS MILIGRAMA!

Pai era engraçado demais. Não engolia desaforo. Eu também não. Agora você já sabe da minha língua solta. Quando tem algo errado, eu digo mesmo. Quem vier 'pro' meu lado com suas 'enrolada', leva um batido. Já estou velha digo o que quero e vou pra onde eu quiser.

Quando chega seis horas, não conte comigo 'pra' nada. Nos intervalos da novela coloco sua jantar. Você já sabe. Saiba a hora. 'Pra' tudo na vida isso é necessário. Paciência. Coisa que meu pai num tinha. Vinha um homem andando na rua, em cima de um jumento, beeeeem 'devagarzinnn'. Pai olhava e dizia:

- Tá vendo que eu num ando num jumento desse! Eu 'pêgáva' era o jumento e 'butava' ele nas costas e ia simbora, 'djábo'! 'Djábos' te leve com tua moleza!

É, prentis, seu bisavô era engraçado. O povo gostava dele?

Gostava sim. Só era um bebo chato. Ele parou de beber no dia em que de tão bebo, subiu numa casa, subiu, subiu, e num soube mais descer.

- Cachorra da mulesta! Que eu num bebo mais! Nem saber descer de uma casa eu 'tou' sabendo. Cana 'mizerávi'. Num bebo. Num bebo. Num bebo mais!

Mas antes disso. Antes de parar de beber. Teve um episódio. Assim como tantos outros que lhe conto.

Lá 'pra' banda de Araruna tinha uma cafezal. E nesse cafezal diziam que tinha um fantasmas, um assombro assombrando o povo. Dava Meia-Noite e lá vinha aquele negócio branco: uuuuuu- uuuuuu- uuuuuUUU! E tome carreira em quem passasse por ali, de noite. Pai, homem brabo, que num gosta de mistério.

- Amanhã, vou ver esse malassambro.

- Seu Antônio. Num vá mexer com isso. Com coisas do outro mundo ninguém..., a gente deixa quieto.

- Resolver isso amanhã.

E foi. Tomou uma antes de ir e não escutou o que Quatocão falou de não mexer com as coisas do além.

Meia-Noite. Lá vinha vindo aquele vulto branco. Na direção de pai.

- uhaaaaahhuuuuu...

Aí pai 'pra' trás gritava também:

- eeeeehhhhhuuuuaaah!

E a alma penada:

- muahahahaaaaaaaaa...

E Pai, mais alto:

- ihuaahahauuuuaaaa...

Num sei quem era mais marmotento: ele ou a alma. Só sei, meu fi, que essa alma percebeu que pai num ia correr. E, vendo isso, começou a pegar de volta 'pros' cafezais. Correu caminho de volta. Ligeiro. Corrido. Como 'djábo' foge da cruz. Pai, vendo a arrumação, meteu carrerão atrás da penada.

- CACHORRA DA MULESTA, EU LHE PEGO! CORRA! AMALDIÇOADA! VOCÊ TARÁ COM O SETE PELE, CAPETA!

Era pega 'pra' capá. Ela na frente, por cima de pau e pedra, e, ele, atrás, chamando tudo o que é nome, menos o de Deus.
Pois foi. Quando 'défé' a alma se atrapalhou e 'trubicou', estatelou-se no chão, dando tempo 'pra' Pai alcançar.

- Tá presa! CACHORRA DA MULESTA! Ahhhhhh... é você?

- Seu Antônio, pelo o amor de Deussss! Num conte isso a ninguém!

- Como é que você num tem vergonha?! Assombrando o povo a essa hora da noite! Eu vou é encher a rua amanhã! Vou contar a 'tudin'.

Ele não contou. Só se soube que nos dias que se passaram o malassombro tinha sumido. Findou. Acabou.
Seu Bisavô tem muitas dessas histórias. Depois lhe conto mais. Vou ver minha novela agora."

Mas vó, peraí, quem era o malassambro?

"Ah, o malassombro era uma mulher que botava chifre no marido. Ela fazia as presepadas dela e depois ia fazer essas 'milacrias' no meio da noite.

Tinha gente 'pra' tudo naquele tempo. Imagine agora que tá tudo 'sarrabuiado' assim. Deixar a louça aí, depois lavo. Ligue lá na globo 'pra'mim, enquanto coloco o café 'pra' gente."

Tá bom, vó. Conta aí de novo a vez do abacaxi, a da botija, a da briga na feira, a da topada na pedra?

"Depois. Vou ver minha novela. E vá ligar a televisão. Cuida! Já começou!"

Tá em Datena ainda.

"Quando acabar Datena começa. Deixa aí. Queimaram o dentista. Hoje tem que ter dinheiro, porque se não tiver os bandidos queima. Queima ou dão umas 'tapa' boa."

É, vó. O cancão tá piando.

"Nem piando tá mais. Mataram já".

É mesmo.

"Tu já vai segunda, né? Num instante se passa. A casa fica um silêncio. Gosto quando tão todos em casa."

É... Num instante, Ave Maria!

"E deixe esse curso. Coisa difícil, nam. No meu tempo de escola, eu colava tudo. Quebrar cabeça com isso. Meu negócio é cozinhar um bom comer."

'Pia' os exemplos. O feijão estava uma delícia mesmo.

"Mas eu já digo. Em razão de estudo não quero que meus netos puxe nenhum a mim. E escolha outra coisa, isso não é 'pra' você. E se for, num é agora."

Mas vó...

"A novela começou. Essa mulher aí é uma bandida! Enrola o pobi."

Qual?

"essa aí, ó".

Mas você só faz dormir nas novelas... como sabe?

"Eu? Eu não. Sei tudo o que se passa."

Vó. Vó. VÔ!

"OI?! Deixa de grito, menino."

Você aí. Dormindo.

"Tava não".

Tava.

"......."

Vó. Vó. VÔ!

"Que é, menino?"

nada.

"Pois me deixe assistir a novela aqui."

Tá.

***

Tá certo vó. Pois a saudade fica e somos nós que vamos. No tempo. Na lembrança. Na memória. No coração. No construir da construção construída da nossa vida de sonhos e realizações.

Parabéns, minha vó. Obrigado por ser minha vó. E por fazer aquele pão francês com manteiga e suco de maracujá que só a senhora soube e sabe fazer. No tempo, no espaço e na minha infância.


Prentice Geovanni

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Pescando Luz.

Se cada dia cai

"Se cada dia cai, dentro de cada noite,
há um poço
onde a claridade está presa.

há que sentar-se na beira
do poço da sombra
e pescar luz caída
com paciência."

Pablo Neruda
***

E foi pescando luz que aprendi a aprender a ensinar.

Aceitei. Disse sim ao convite. Precisei dizer. Era a única maneira. Era o único caminho. Não havia opção.

Só escolhas.
Em nunca dizer não.

Não é você que escolhe ser professor, pelo contrário, você que é escolhido para isso.

Para isso de pescar luz debaixo de chuvas, de dias ensolarados, de noites azevedas.

Pescar luz de que afinal? De conhecimento? Nada. Isso vem por si só. De Amor? É o que nos guia, sempre. De que, então?

Pescar luz da pesca em si. Essa é a resposta. Pois não importa (muito, né?) a luz pescada, mas sim o ato de pescar...

continuamente...

Do: professor mais sem futuro.
Para: a aluna mais dedicada.


Prentice Geovanni

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

não era um leão

não era um leão

o bicho enjaulado não era um leão. era antes disso um arremedo, pantomima do animal que deveria ser, mas não era. o bicho enjaulado era pouca coisa. as patas pesadas e preguiçosas desaprenderam a correr e a mandíbula desamparada se refestelava sem fúria na carne morta de outros bichos desgraçados. o bicho enjaulado não era um leão. a memória antiga do animal pereceu. seu corpo arqueja a sombra de quem poderia ser. o bicho enjaulado não é um leão. e feroz sou eu, a alimentá-lo por trás das grades.

Theo Alves

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Estamos nos repetindo?

Quando se aproximam os últimos dias do calendário, é costumeiro vasculhar as memórias e ponderar um pouco acerca das realizações e desapontamentos que os trezentos e poucos dias anteriores trouxeram, e, com isso, ver se, no frigir de ovos, fora ou não um bom ano. Talvez por conta disso, as pessoas se habituem, também, a fazer suas listinhas pontuais de metas para os meses vindouros, procurando, conscientemente ou não, ver o quanto prosperaram em relação a anterior – e com isso nasce um ciclo.

Uns cogitam beber menos, outros pensam em emagrecer, em arranjar um amor, em estudarem mais, enfim – sempre com a ideia de que, com a realização dessas promessas, irá surgir uma pessoa melhor. Ano após ano, o pessoal pula suas sete ondas, faz suas oferendas e escreve (ou mentaliza) ou novo catálogo de “o que eu quero daqui pra frente” ou (para aquelas que esperam a iniciativa do calendário) “o que eu quero que esse novo ano me traga”, e no fim das contas, todo 31 de dezembro traz a conclusão que pouca coisa – ou nada – mudou. E por quê?

É até um pouco pessimista fazer essas observações logo quando os dias antes da virada carecem de sorriso e de boas vibrações para o ano que chegará, mas o caso é que muito pouco se é feito a respeito da mudança, da (aparentemente) pretendida transformação. Os desejos que acompanham essa passagem parecem ser tão somente votos de fé para um novo tempo próspero, uma mensagem bonita que parece ser efetiva apenas na ponta do lápis, durante o balanceamento do que se passou, visto que nunca é posta em prática – pede-se paz, mas a guerra continua; pede-se harmonia, mas o que se vê é desunião; pede-se saúde, mas não se há muito cuidado consigo mesmo, ou com o que está próximo.

Isso soa como uma batida lição de moral, e talvez seja mesmo, já que o réveillon é também o tempo para se fazer as habituais cobranças e alguns básicos puxões de orelha. É o tempo de se fazer o que estamos fazendo agora: dizer coisas que todos já estão cansados de saber, mas que são ditas na esperança de alguma mudança (interna ou externa); fazer promessas pessoais que sabemos que, em grande parte, não serão cumpridas; e anotar pedidos, crentes que o novo ano vai, magicamente, nos atender apenas porque somos bonzinhos e não falamos coisa feia, como uma criança que espera, ávida, um presente do Papai Noel no Natal.

Mas, no fundo, sabemos que vai ser tudo a mesmíssima coisa, com os erros que juramos não repetir, mas que acabamos cometendo, com as realizações que, eventualmente, acontecerão, com a lista incompleta, ainda que, provavelmente, satisfeitos pelo que fora conseguido. E desempenharemos esse papel no fim de 2013, 2014, 2015... sempre na espera de algo melhor – mais uma vez.
Por Júnior S.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Dedicado:

Ao ano mais avesso de todos.

A garota que eu queria, não consegui. Os amigos que jamais imaginará ter, estavam bem ali, ao meu lado, o mais próximo possível, e eu, quase, não percebi.

A melhor aprovação? Não alcancei.

Novos caminhos: muitos. Seguí-los? Nada.

Estranheza, indiferença, mudança, sinceridade... tudo ao avesso.

As incríveis conversas, o maior sertão, as grandes alegrias de compartilhar momentos únicos com pessoas únicas? Valeu. E muito. Poderia ter feito mais? Claro, sempre podemos mais, inclusive a não querer fazer nada.

A luz acesa, o silêncio nortuno, um copo d'água na mesa, cadeiras ao vento e o som da piscina calma... coisas que jamais esquecerei... Qual era o motivo mesmo? Não importa.

O que importa é a felicidade. Dos outros, claro. Pois os certos são os errados e os errados... são só os errados. Coitadinhos dos errados.
Não sabem o que é uma carona, um livro, um show, um sushi, uma guitarra, um chorar numa noite de sinais fechados e mentes abertas. Não sabem o que é receber um belo de um "não", um belo de um sorriso, um belo de um jantar, uma bela noite de uma chuva despedaçada numa praia.

Não sabem o que pegar um ônibus qualquer, numa madrugada qualquer, mas não com pessoas quaisquer.

Não sabem, não saberão. Pois falta escolha, atitude e agraciamento de receber tudo de maneira... avessa?

Tudo que almejei jamais consegui. Um beijo da garota do segundo ano, o olhar de aprovação da pêpa, a carta não respondida de fulana.

A maneira simples de encostar a cabeça no ombro de alguém e chorar como nunca chorei antes.

Logo eu que via os outros como mundos estranhos a serem conhecidos, acabei sendo um completo estranho de mim mesmo.

Com chapéus, com espadas, com espadas, com finalidades... Com ligações não atendidas... Para alguma coisa.

Coisa que se perdeu por aí. Embaixo da cama, numa calçada qualquer, num nascer de um sol de sábado.
***

Natal às avessas. Vida avessa. Tudo ao avesso.

Prentice Geovanni

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Feliz Natal, Gente!


Feliz Natal, gente.

Época boa. Época que passamos com quem gostamos e queremos bem. Época em que estamos com nossos amigos e familiares. Época simples, esperada e feliz.

Adoro o natal. Pois o natal representa aquela velha tradição de: praça, amigos, resenhas e boas lembranças. Pessoas que não vejo durante o ano aparecem, pessoas que estão longe, chegam mais perto. Pessoas que nos fazem um bem danado.
Pessoas que fazem a diferença na minha vida.

E espero que para todos os leitores [e não-leitores] seja assim também: tradições, família [a família de cada um] e amigos [bons amigos].

Quero pedir desculpas a todos pelo o "momento paradão" do Refúgio, ok?

Saibam que estamos pensando em novas alternativas de como alcançar nossos objetivos [objetivos esses que não sabemos bem ainda quais são..] e para isso, precisamos pensar, parar e refletir...


Bem, é isso. Feliz a natal pra essa galera refugiada, que tem sonhos, que tem bons pensamentos, que tem tanto potencial. Obrigado, gente. Pelo acompanhar e tudo mais.

***

Papai Noel, Santa Claus, quero agradecer por tudo. Pelos momentos com meus amigos, pela músicas ouvidas, pelas palavras ditas a mim: de força dura, de forma meiga, de forma única.

Obrigado, pelas pessoas que conheci. Pelas pessoas que me dignificaram. Obrigado por colocar boas pessoas no meu caminho.

Obrigado pelas terças-feiras lá em Ana, com Tainá e Alanna. Obrigado pelos show's com bruna. Obrigado pelas lágrimas com Igor. Obrigado pelas comidas com Hand e Gabriel. Obrigado a Jeferson pela pescaria.

Obrigado pelas caronas com Mateus. Obrigado a Maíra pelas boas risadas marcianas.

Obrigado pelos conselhos do dennel e a pontualidade do Antônio. Obrigado pelas surras de simone. Obrigado pela companhia de Adriana.

Obrigado pela saudade de Viviane, Amanda E Randerson. Obrigado pelo apoio de Márcia. Obrigado pela meiguice de Victória. Obrigado a Heldon pelas risadas nos filmes de terror. Obrigado pelas caminhadas com Inajá.

Obrigado pela boa e criticidade de Júnior. Obrigado por aproximar Theo nessa minha casa miúda. Obrigado a Diego Rocha pela colaboração contínua. Obrigado a Hítalo por um chinês desenrolado. Obrigado pela chuva espanhola de gina. Obrigado pelas tardes de video-game em Iran e Daniel. Obrigado pelo carisma de Luziana.

Obrigado por Gabriela, Claúdia, Flávia, Hanna, Rafaela, Bibi, tornarem o harém um lugar mais divertido com seus pastéis. Obrigado a Léo pela visão além do alcance. Obrigado a Katilene e seus cafés. Obrigado a Aldir pelas resenhas de sempre.

Obrigado a todos que contribuiram com seus textos. Obrigado a Artur, Galileu, Daniel, Helem, Aylana, Gonzaga, Daniel, Mikhail e aos outros que sempre estão conosco nas últimas noites de natal dos últimos anos.

Brigado, Santa. E se eu esqueci de alguém... fica meu feliz natal [que não serve de muita coisa, mas é de coração].

No mais Feliz Natal, Refugiados. Tudo de bom pra todos nós.


Prentice Geovanni

sábado, 8 de dezembro de 2012

Falou, Antônio!

Bem. Falemos do Antônio.

Nunca sei quando é o aniversário de Antônio, pois sempre estou em Santa nesse período de minha vida. Só vejo, depois, as comemorações e as resenhas feitas sobre o momento comemorado.

E, por incrível que pareça, sempre nessa época - ciclos e mais ciclos - estou sem computador para escrever algo pra ele nessa data querida.

Fiz diferente. Guardei meus últimos dois contos e usei-os de Lan House para deixar marcado aqui um pouquinho da eternidade desse tão grande amigo cheio de pontualidades, de metas e seriedade.

*Quem é Antônio?

Antônio é aquele cara que quando você precisa dele, ele aparece na hora certa pontualmente.

“Antônio, preciso de você às 19:00 horas, por favor, me ajuda!”

Antônio estará lá às 18:30. Pronto pra qualquer parada. Pronto pra qualquer problema, seja qual for esse problema.

Antônio é isso: Amizade Pontual. Amizade certeira. Amizade concreta. Amizade Hissatsuniana.

Antônio?

Antônio é super-heroi. Pode procurar. Está escrito nas estrelas, nas nossas vidas e no The Facebook.

Antônio é Paladino e Guardião da Espada Sagrada da Arte de Cozinhar.

Antônio?

Antônio é um apreciador de pizza calabresa com chocolate queimado por cima... Ou seria eu? (vocês lembram desse dia?)

Antônio é. É e pronto. É um grande amigo.

*Mas esse Parabéns?

Pois é. Esse Parabéns é pra desejar que alcances suas maiores metas, meu caro, nobre companheiro parlamentar. E que sejam alcançadas com a perfeição que queres, as maiores! Fique sabendo que você é feliz. E será mais ainda do que já é! Lute pelo que desejas! Alcance o que tem de ser alcançado.

Força sempre, meu caro! E nunca tenha medo de ter coragem! Na maioria das vezes é preciso ter. Cê sabe muito bem disso. Assim como eu.

Gosto de você como um irmão, Sabes disso. Aliás, todos gostam de ti como aquele irmão mais sério.

Enfim, no mais é isso.

Falou, Antônio! 


Prentice Geovanni

sábado, 1 de dezembro de 2012

Cara...

Cara, está tudo na paz. Muitas pessoas apareceram por aqui. Ajudando, sabe? No puro sentido de ajudar mesmo.

Hum... Esse ano foi muito legal.

Conheci tanta gente nova, que me moldou, que me fez conhecer meu coração mais um pouco.


********

Tainá: Sem as palavras dela, certamente eu não teria amadurecido um pouquinho. Além do mais, formamos uma boa dupla em fazer "Cupckão" pro Hand. 

Igor: Vishi... Ter me aproximado do bonitão aí valeu cada lágrima, cada resenhas, cada riso.

Ana: As terças-feiras sem vê-la não são terças-feiras... São segundas. 

Alanna: Com ela me tornei um fisioterapeuta muito bom. 

Marcone: Sem a organização dele, acho que eu não teria um plano b. Obrigado, mermão.

Amit: O indiano mais louco. Mandou uma mensagem agora pelo whatsapp. Ele me cobra até demais: "E aí, Dr. Prentice?". 

Simone: A desenhadora de caixões. Pagadora de Tortuguitas - num encontro, mó bacana -, valeu a pena receber alguns caixões desenhados.

Bruna: Bruna, nesse ano, foi minha neblina. Inesquecível. 

Honório: O famoso Professor. Não me esqueci do chapéu que ele prometeu a mim. 

Heldon: Se não fosse por ele, o atividade paranormal 4 seria mais assustador. Com ele do lado, o cara só faz rir do filme (de terror!).

Lili: A melhor jogadora iniciante de poker. 

Márcia: As quartas chinesas sertanejas sempre serão as quartas chinesas sertanejas.

Theo: Professor-Amigo-Sócio-Conselheiro Amoroso. Alguns Capuccinos abrem a mente.

Danilo: O bata branca mais querido. As aulas ao lado dele ficaram suportáveis.

Louise: A garota mais louca que já vi. Não tem juízo. Sério.

Bárbara: A Cogumelo.

Adriana: Destemida companheira de Whatsapp!

Goretti Leão: A psico-amiga. Surpreendente conhecê-la. Mesmo.

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Acho que são esses. Devo ter esquecido alguém. Mas é assim mesmo. Afinal, Somos feito pra esquecer, não é? Mas Também somos feitos pra lembrar. Lembrar que tudo continua bem. Lembrar que tudo tem que continuar bem. Faz Dez anos hoje. E por essas horas eu estava segurando o choro? E sendo forte? Talvez pensando em amor?

Não sei. Mas vou adiante. Como é ensinado. E vivido. É isso.

Prentice Geovanni

segunda-feira, 12 de novembro de 2012



Refletir é algo meio perigoso, um salto de uma ponte sem corda, para o infinito do mundo obscuro e tenebroso que é o seu ser.

Navegando sobre entre suas memorias, entre suas emoções, entre as várias personalidades que nos habita e que sempre vociferam por espaço e luz, para que de algum modo, a esperança venha inundar em suas pestanas calejadas e enrugadas pelas experiencias da vida.

O ranger da madeira ao bater das lembranças quebradas pelas negações e privações, não traz conforto para o marinheiro sem colete salva vidas. Principalmente porque seu barco é constituído de decepção com pregos de solidão, que nem o próprio construtor garante que irá segurar a próxima onda desse oceano de tristeza, ódio e medo.


Hand Medeiros