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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

TIMELINE,

"Tudo o que muda a vida vem quieto no escuro, sem preparos de avisar." - Guimarães Rosa.

***

é triste quando descobrimos a verdadeira realidade das coisas. 
pra ser sincero? é devastador. 
é como o herói morto, a felicidade terminada e uma história sem o final feliz.

talvez seja por isso que inventamos a arte, o amor e o céu pingado de brilhantes estrelas.
ou porque, simplesmente, é a única maneira de valer o pulsar do coração.

***

bem, sem mais delongas,

foi nessa manhã última de domingo, do ano de 2014, que me salvei de mim mesmo.
e foi nessa noite de domingo, de agosto, que matei o Sr.

bem matado, por sinal.
sob meus pés e lembranças.

confesso que foi bom. um pouco dramático, acho eu.
e, por que não? divertido, até.

suas escolhas erradas nos causaram bastante sofrimento, mágoas e algumas brigas desnecessárias.
sei bem que seu humor salvara as coisas. e confesso que também tenho disso, tirar o bom da vida e esquecer dos erros.

mas e a suas responsabilidades? que caíram como uma chuva triste de dezembro, ficaram?
não ficaram, Cara. apenas existiram e não se concretizaram.

iguais a muitos dos seus sonhos que sonhaste pra mim.
e que, agora, de certo modo, estou satisfeito por tê-los estragados todos.

pois, assim, posso moldá-los à minha maneira, visão de ser.
igual ao seu adeus entregue em ruas desertas dos meus sonhos.

igual a confiança de suas amizades que te deixaram p'ra trás.
igual a lágrima que deixaste cair no pedaço de oração mal rezada.

***

sabe o engraçado? a piada da peça? é a nossa dualidade, Sr.
a escolha certa que acaba sendo a errada; é a conspiração do destino rindo de nós dois,

que [querendo ou não] sempre acreditaremos na conquista da felicidade.
e é isso que mais odeio na gente: sobre o desnecessário, que é tentar se encaixar.

porém, com conhecimento amargo da solidão, sua fotografia preto e branco será colorida na cor amarelo lua cheia maracujá.

te prometo. não se preocupe.

afinal, já comecei esse ofício, nas folhas de castanholas, e nas tardes de janeiro que nunca passei por ti.

mas passarei por mim
e elas.

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