"Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura". Guimarães Rosa
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Capítulo 1 - Don't Shoot Me, Santa.
![]() |
The sun is going down and Christmas is near. |
Entretanto, antes de presumirmos qualquer coisa, e de chegarmos ao lugar em que ela se encontra agora, escutando de cara para cima sua canções, saibamos de um fato importantíssimo que mudou sua vida para sempre, ou pelo menos até o próximo programa de amor e sexo, na quinta-feira à noite: há algumas horas um Papai Noel maluco começou a persegui-la do nada. Ela vinha numa rua, pela manhã, chegando de uma balada provavelmente, e se deparou com aquela figura estranha na sua frente a encarar-lhe com os olhos de poucos amigos. O Santa Claus todo suado e sujo, com um gorro na mão, mostrando sua mechas ruivas, estava bravo por alguma razão que a nossa querida protagonista não tinha a menor ideia do porquê. Foi aí que ele gritou:
- É você!
- Eu o quê? - Vick respondeu baixinho, já com medo.
- A responsável por tudo que eu estou passando. Se não fosse por você, as crianças do mundo inteiro estariam agora recebendo seus preciosos presentes de natal.
- Mas nem é natal, estamos em outubro. - replicou Vick, e ao mesmo tempo pensando porque discutia, logo a uma hora daquela, com um louco vestido de vermelho. Estava cansada e indisposta para tal situação.
- Cuide de seus problemas, que eu cuido dos meus. Que já são muitos por sinal... Ai, ai. - respondeu o bondoso velhinho, ou melhor, a figura estranha vermelha.
- Tá bom. Até mais. - disse Vick, ao enrolar a esquina mais próxima, para assim, chegar em casa e se afastar dele o quanto antes.
- Eiiiiiii... Volte aqui! Não vai sair barato o que você fez sua sem coração! - Brandou o Papai Noel com os olhos cheios d'água. - Eles virão atrás de você. Aí sim que eu quero ver se você vai fugir. Sua... sua... hum... Boba!
Qualquer pessoa normal entraria porta adentro de sua moradia e só saíria com alguém capaz de a proteger, ou em circunstâncias maiores, se já tivesse chamado a polícia, ou melhor, se esta já se encontrasse ali no local. E, em se tratando de Vick, até aquela manhã, pode-se dizer que ela era uma pessoal normal. Ora, até aquela manhã não havia sentimento de culpa por natais perdidos e nem crianças e Papais Noeis chorões. Dito isso, já sabemos o que se passou.
Vick entrou.
Vick foi para seu quarto.
Vick se deitou na sua cama.
Vick estava dormindo.
Vick estava sonhando.
Vick estava acordando.
Vick estava abrindo os olhos.
Vick estava gritando a ponto de chorar: Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! Onde está minha casa?! Por que minha cama está aqui, no meio da rua, diante da Torre Eiffel? Se é que isto é a Torre Eiffeil, é a Torre Eiffeil?
Ainda bem que naquele dia, antes de chegar em casa ela só resolveu vestir um pijaminha surrado, nada de babydool após baladas e curtições. Pijama é mais aconchegante para quem se encontra cansando. E ainda bem que ainda bem, que ela estava vestindo seu pijama mais atraente e sensual, e claro, surrado também, pois foi somente assim que alguém, um transeunte qualquer, que estava pelas redondezas se aproximou dela.
E foi assim, então, que ele apareceu na vida dela.
- Bonita cama para uma garota Bonita. Você vem sempre aqui, com cama e tudo? Estou tão cansando... Posso me deitar com você? Parece tão quentinho aí com essas cobertas fofinhas...
- TÁ LOUCO! Claro que não.
- Então vou ficar pelo menos nos pés da cama, aqui embaixo, ao seu lado.
- Por quê?
- Porque assim como você, eu acho que estraguei o natal. O Papai Noel maluco apareceu atrás de mim também.
- Pronto.
- Pronto, o quê?
- Pronto, endoidei de vez.
- Calma. Eu já estou, de certo modo, mais vivido que você nessa vida de perseguições "noel-lescas". Agora que temos um ao outro, pelo menos podemos encontrar uma resposta para alguma coisa. Como é que um Papai Noel aparece em pleno mês de Outubro colocando uma culpa na gente?
- Ta aí, foi justamente o que eu falei! "É outubro, é outubro!" Mas ele nem pra mim ouvir! Olha, eu só quero uma coisa: minha vida de volta! Minhas baladas de volta! Minhas praias de volta! Quero minha casa, minha família, minha galera e meu cachorro Fufi de volta!
- Caramba!
- Quê?
- Como você grita.
- Eu vou te baterrrrr!
- Calma. Wait, wait, wait... ou seja, espere um pouco, por enquanto eu apenas posso te fazer uma coisa.
- Me levar de volta pra casa?
- Na verdade não. Porém, posso te dar um gostoso abraço. E depois disso, podemos começar a procurar o caminho de volta pra nossas vidas de antes.
- Do que adiantaria um abraço agora?
- Ah, você é bonita, está numa cama de frente pra Torre Eiffel... diga-me se existe alguma situação mais romântica e desbravadora do que esta em que nos encontramos: cama, Paris, bosques, casal - eu e você, e essa manhã ensolarada? Além do mais, você é bastante sexy nesse pijaminha surrado. Certamente, um abraço agora despertaria um clima legal entre a gente.
- Por que eu ainda pergunto, meu Deus. É claro que eu não vou te abraçar. Idiota.
- ...
- E se calou?
- Shii... silêncio! Eles estão aqui.
Prentice Geovanni
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Contos Natalinos
domingo, 4 de setembro de 2011
Ufa, Conseguimos!
Todos que estão se formando nesse prezado momento, creio eu, tiveram experiências semelhantes para chegar até aqui. Quanto de nós tivemos que nos sacrificar para poder conseguir esse nosso objetivo final - que era de nos formar. Deixamos diversões de lado, deixamos nossos amigos de lado, quantos de nós tivemos que recusar um convite para uma festa, para um show, para sair com a namorada ou namorado porque logo em seguida tínhamos uma prova, ou até mesmo, trabalho?
Ninguém disse que seria fácil, ninguém disse que esse caminho era de diversão, pelo contrario, o que nos esperava era muito trabalho, muito suor, dedicação e esforço. Aristóteles disse certo dia que: "A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces." E visando saborear tais frutos, abrimos mão de tantas coisas para que alcançássemos o objetivo maior, o tão sonhado canudo.
Esse ano demos um grande passo para nossa formação acadêmica, um passo a ser adicionado aos que já demos e menos um aos que iremos dar visando alcançar nossos sonhos.
Mas, não vamos apenas lembrar dos momentos de sufoco, mas também, vamos lembrar com alegria todos esses anos que passamos nessa instituição, toda a bagagem que ela nos proporcionou e a todo o conhecimento adquirido no decorrer desses anos.
Mas não foram apenas ideias, conceitos e fórmulas que aprendemos, não vamos esquecer das pessoas que nos acompanharam durante toda essa jornada: Nossas famílias, que nos deram força nos momentos de dificuldades e nossos amigos, cujos quais podemos considerar como irmãos. Nesses períodos que dividimos, tais pessoas jamais serão esquecidas. Olhando para trás, podemos vislumbrar o quanto crescemos, tais experiências são tesouros de incalculáveis valores.

Momentos de alegria, descontração, jogatinas pelos corredores e laboratórios, refeições compartilhadas, aqueles velhos e guerreiros salgadinhos e "sebosões" comidos nos barraquinhos da vida, momentos de "aperreio", viradas e mais viradas de noites estudando, se matando. Mas todos estávamos ali, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, sejam nos momentos de complicação ou de felicidade, sempre estivemos juntos, um dando força para o outro. Esse laço que foi criado, e cultivado, é algo muito difícil de se encontrar hoje em dia, em um mundo cheio guerras, ódio, orgulho, egoísmo e preconceito. Plantinhas como essas que nascem em meio ao asfalto devem ser cuidadas e regadas para que não venham a perecer.
Cada um irá seguir seu caminho agora, em busca da realização dos sonhos, em busca da tão sonhada felicidade, mas lembrem-se a felicidade é um caminho e não um destino. Que o futuro venha, cheio de realizações, conquistas e se chegar acontecer algo de ruim, que sejam dadas voltas por cima.
Por fim, quero pedir uma salva de palmas para todos vocês, pois cada um que chegou aqui merece ser chamado de vencedor, obrigado.
Hand Medeiros
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Formalidades
É Uma Partida de Futebol.
Já experimentou jogar a bola pro alto pra ver onde ela pode cair? E ela já caiu na tua cabeça? Deve ter doído, mas claro que isso depende da bola e do quão forte ela foi arremessada pro alto. Quanto mais alto for, com mais força ela retorna.
Chutei poucas bolas pra cima. Gosto de controlá-las no chão mesmo. Não sou “fominha”. Sempre que é necessário eu passo a dita pelota. Assim o jogo corre melhor e eu posso ganhar mais vezes. É óbvio que tem aquelas partidas que você faz tudo certo, mas mesmo assim não se consegue vencer. Claro, às vezes não depende só de nós.
Realmente é complicado, amigo. Por isso alguns jogam a bola pra cima. É pra dizer que não querem mais jogar. E essa vontade ou sentimento pode ser só pra aquele jogo, só pra aquela hora ou quem sabe pra sempre. Depende do que está em jogo, do campeonato, do que a vitória pode representar e do quão cabeça dura você pode ser pra decidir que vai até o fim.
Chutei poucas bolas pra cima. Gosto de controlá-las no chão mesmo. Não sou “fominha”. Sempre que é necessário eu passo a dita pelota. Assim o jogo corre melhor e eu posso ganhar mais vezes. É óbvio que tem aquelas partidas que você faz tudo certo, mas mesmo assim não se consegue vencer. Claro, às vezes não depende só de nós.
Realmente é complicado, amigo. Por isso alguns jogam a bola pra cima. É pra dizer que não querem mais jogar. E essa vontade ou sentimento pode ser só pra aquele jogo, só pra aquela hora ou quem sabe pra sempre. Depende do que está em jogo, do campeonato, do que a vitória pode representar e do quão cabeça dura você pode ser pra decidir que vai até o fim.
Igor Nathan
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Goiabada Musical
Perfeição.
O que vamos comemorar hoje? O que você tem de bom pra comemorar? Ou até o que você
tem pra criticar? Poderíamos celebrar a ironia. Quem sabe?
Analisar o que as coisas tem de bom ou ruim faz bem, assim como também faz não fazê-lo.
Consegue entender? Tudo depende da intensidade. É justamente aquela história do equilíbrio.
Realmente só criticar vendo o lado negativo das coisas é ruim. Não acha? Tanta negatividade
faz mal ao coração. Muito mal mesmo. Lembra quando líamos algum texto em voz alta na
sala de aula e a professora ou os colegas nos corrigiam imediatamente quando errávamos a
leitura? Isso ocorria mais na época do ginásio e quase sempre alguém engolia mesmo uma
palavra na leitura. Mas agora veja essa palavra: imperfeição. Leia-a novamente e esqueça
as duas primeiras letras. Acredite! Não vou te corrigir e nem te chamar de analfabeto. Pois
acredito que isso seja um tipo de visão especial. E possivelmente essa pode ter sido a leitura
correta.
Procure exaltar aquilo que existe de bom. E não afundar tudo com seu pensamento de que
tudo tem erros e problemas e ponto. Então comece procurando algo pra comemorar hoje. E
repita isso por todo o sempre. Pode ser, pessoa feliz?
tem pra criticar? Poderíamos celebrar a ironia. Quem sabe?
Analisar o que as coisas tem de bom ou ruim faz bem, assim como também faz não fazê-lo.
Consegue entender? Tudo depende da intensidade. É justamente aquela história do equilíbrio.
Realmente só criticar vendo o lado negativo das coisas é ruim. Não acha? Tanta negatividade
faz mal ao coração. Muito mal mesmo. Lembra quando líamos algum texto em voz alta na
sala de aula e a professora ou os colegas nos corrigiam imediatamente quando errávamos a
leitura? Isso ocorria mais na época do ginásio e quase sempre alguém engolia mesmo uma
palavra na leitura. Mas agora veja essa palavra: imperfeição. Leia-a novamente e esqueça
as duas primeiras letras. Acredite! Não vou te corrigir e nem te chamar de analfabeto. Pois
acredito que isso seja um tipo de visão especial. E possivelmente essa pode ter sido a leitura
correta.
Procure exaltar aquilo que existe de bom. E não afundar tudo com seu pensamento de que
tudo tem erros e problemas e ponto. Então comece procurando algo pra comemorar hoje. E
repita isso por todo o sempre. Pode ser, pessoa feliz?
Igor Nathan
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Goiabada Musical
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
Sobre um Pouco de Dias dos Pais e Calçadas.
Dedicado à uma pessoa cheia de Graça, que me aceitou como uma exceção.
Ao pergunta a Uma amiga sobre o que eu falaria no texto do Dia dos Pais, ela me disse o seguinte: fale das alegrias, fale principalmente das alegrias vividas por vocês dois. Seguindo seu conselho, meu bem, assim farei, com meu toque melancólico de sempre, é claro.
Só quem já se balançou numa cadeira dessas sabe do que eu estou falando. É como se eu, sei lá, voasse para as mais longínquas datas futuras em busca de alguma coisa concreta para meus pensamentos. Acho que sempre acreditei nessa cadeira como sendo um trono. Um trono no qual eu me sentava para ver o meu minúsculo mundo, meu fútil universo particular. Como era bom se balançar naquela velha cadeira, fosse depois de um almoço de domingo, fosse enquanto assistia o velho Dragon Ball nas tardes de sábado no canal Bandeirantes.
Porém, tinha um problema.
A cadeira, ou o trono, não era somente minha, era do meu Pai também. Aliás, a cadeira era somente dele. Minha pessoa era apenas o intruso. Eu era simplemente aquele garotinho que a ocupava nas horas vagas, principalmente na hora em que não havia jogos de futebol, seja de qual time fosse. Assim como um guerreiro lutava por sua donzela, eu lutava por um lugar naquela cadeira. Meu Pai, Senhor Feudal, eu, servo, vassalo.
Sempre amei muito meu pai, mas eu tinha tanta raiva quando ele chegava para assistir seus programas na televisão e eu tinha que me levantar para ir fazer qualquer outra coisa. Ora, lá se iam meu Dragon Ball, meus Cavaleiros dos Zodíacos, enfim, meus desenhos "de olhos grandes" como ele mesmo os chamava.
Além disso,- pois é, tenho mais queixas - existia algo que me deixava mais raivoso ainda: eu odiava levar a cadeira de balanço para ele sentar lá fora, na calçada. Eu sempre saia resmungando ao arrastar meu trono para fora de casa. Eu saia puxando-o, enquanto, ele, meu Pai, vinha de muletas nos meus percalços. Eu me indagava "Por que não minha irmã? Por que Sempre eu, sempre eu!?".
Agora, depois de muito tempo, percebo que aquelas idas e vindas, da sala para a calçada e da calçada para a sala, realmente serviram como uma grande lição de aprendizado para mim. Qual lição foi essa? Talvez qualquer dia eu conte. Mas adianto, fazer esse serviço de translação toda noite serviu, até hoje, para que eu não fosse mais aquele garoto imbecil, resmungão, por causa de trivialidades e que eu enxergasse muito além do meu egoísmo. Hoje, (deixo claro: esse hoje refiro-me ao presente e não somente ao Dia dos Pais) percebo o quanto eu deveria ter feito meus "carregamentos" com orgulho, e não com má vontade, como eu fazia. Afinal, os tempos solitários naquela calçada foram os melhores momentos que tive com ele, meu Pai.
Ali, sentados, sob a luz fraca dos postes, embaixo da guerreira árvore de castanhola, banhados pelo brilho das estrelas e de frente para o Correio, certamente será essa a melhor lembrança que terei de nós dois, de pai e filho juntos. Acho que foram esses os momentos marcantes e mais felizes que minha amiga me aconselhou a lembrar e falar por aqui. das alegrias solitárias que tive com meu pai, no seu trono, e eu, no chão da calçada, ao seu lado.
Realmente é uma baita de uma boa lembrança... E a cadeira? Ainda estar lá em casa, mas não é a mesma coisa sem seu verdadeiro Rei.
E para não dizerem que não falei de heroísmo...
Na oitava série, quando meu pai fazia hemodiálise, eu adorava quando ele trazia o lanche - era um cachorro quente - da clínica para mim! Tirando o cachorro quente do Arlindo, eu acho que àquele, o que meu pai trazia para mim, sempre foi o melhor que já provei. Acho que o sabor tão gostoso era por causa da alegria de sempre vê-lo voltando exausto da sua luta, porém vitorioso.
Vida de quem faz hemodialise não é fácil. Recordo-me que o grupo do meu pai saia às seis da matina para chegar por volta das seis da tarde em casa. Sempre vi eles como um bando de heróis. Lutando para viver mais. Três dias por semana, segunda, quarta e sexta. Pouca agua, dieta regulada. Ali sim era um campo de batalha provando resistência, "mas o mais importante era manter sempre o sorriso e a alegria no rosto." Já dizia um deles, o Grande Serginho.
Dito isso, fica a dica clichê (mas dependendo da análise de crítica de cada um, se tornará em algo original, pois cada pai e filho se relacionam à sua maneira): quem tem seu pai chegue nele e dê um abraço e diga que o ama. Eu lembro de já ter abraçado o meu e desejado feliz Dia dos Pais também, mas dizer ali na lata um belo de um "eu te amo, Pai!", que eu me lembre nunca fiz isso. É uma pena. Felizmente todo pai sabe que seu filho o ama, e o meu sabia que eu o amava. Muito.
Enfim, não esqueçamos dos melhores tempos que tivemos (ou temos) com o nossos pais, ou com quem nós consideramos nosso pai. Pensemos nisso, pois cadeiras ficam e pais se vão.
Feliz Dia dos Pais atrasado para todos leitores refugiados por aqui.
Ao pergunta a Uma amiga sobre o que eu falaria no texto do Dia dos Pais, ela me disse o seguinte: fale das alegrias, fale principalmente das alegrias vividas por vocês dois. Seguindo seu conselho, meu bem, assim farei, com meu toque melancólico de sempre, é claro.
***
Quando eu era criança lembro-me do quanto eu gostava de ficar sentando na velha cadeira de balanço, lá de casa, vendo televisão. Era uma cadeira muito boa, até hoje é. O balançar dela é incrível.Só quem já se balançou numa cadeira dessas sabe do que eu estou falando. É como se eu, sei lá, voasse para as mais longínquas datas futuras em busca de alguma coisa concreta para meus pensamentos. Acho que sempre acreditei nessa cadeira como sendo um trono. Um trono no qual eu me sentava para ver o meu minúsculo mundo, meu fútil universo particular. Como era bom se balançar naquela velha cadeira, fosse depois de um almoço de domingo, fosse enquanto assistia o velho Dragon Ball nas tardes de sábado no canal Bandeirantes.
Porém, tinha um problema.
A cadeira, ou o trono, não era somente minha, era do meu Pai também. Aliás, a cadeira era somente dele. Minha pessoa era apenas o intruso. Eu era simplemente aquele garotinho que a ocupava nas horas vagas, principalmente na hora em que não havia jogos de futebol, seja de qual time fosse. Assim como um guerreiro lutava por sua donzela, eu lutava por um lugar naquela cadeira. Meu Pai, Senhor Feudal, eu, servo, vassalo.
Sempre amei muito meu pai, mas eu tinha tanta raiva quando ele chegava para assistir seus programas na televisão e eu tinha que me levantar para ir fazer qualquer outra coisa. Ora, lá se iam meu Dragon Ball, meus Cavaleiros dos Zodíacos, enfim, meus desenhos "de olhos grandes" como ele mesmo os chamava.
Além disso,- pois é, tenho mais queixas - existia algo que me deixava mais raivoso ainda: eu odiava levar a cadeira de balanço para ele sentar lá fora, na calçada. Eu sempre saia resmungando ao arrastar meu trono para fora de casa. Eu saia puxando-o, enquanto, ele, meu Pai, vinha de muletas nos meus percalços. Eu me indagava "Por que não minha irmã? Por que Sempre eu, sempre eu!?".
Agora, depois de muito tempo, percebo que aquelas idas e vindas, da sala para a calçada e da calçada para a sala, realmente serviram como uma grande lição de aprendizado para mim. Qual lição foi essa? Talvez qualquer dia eu conte. Mas adianto, fazer esse serviço de translação toda noite serviu, até hoje, para que eu não fosse mais aquele garoto imbecil, resmungão, por causa de trivialidades e que eu enxergasse muito além do meu egoísmo. Hoje, (deixo claro: esse hoje refiro-me ao presente e não somente ao Dia dos Pais) percebo o quanto eu deveria ter feito meus "carregamentos" com orgulho, e não com má vontade, como eu fazia. Afinal, os tempos solitários naquela calçada foram os melhores momentos que tive com ele, meu Pai.
Ali, sentados, sob a luz fraca dos postes, embaixo da guerreira árvore de castanhola, banhados pelo brilho das estrelas e de frente para o Correio, certamente será essa a melhor lembrança que terei de nós dois, de pai e filho juntos. Acho que foram esses os momentos marcantes e mais felizes que minha amiga me aconselhou a lembrar e falar por aqui. das alegrias solitárias que tive com meu pai, no seu trono, e eu, no chão da calçada, ao seu lado.
Realmente é uma baita de uma boa lembrança... E a cadeira? Ainda estar lá em casa, mas não é a mesma coisa sem seu verdadeiro Rei.
***
E para não dizerem que não falei de heroísmo...
Na oitava série, quando meu pai fazia hemodiálise, eu adorava quando ele trazia o lanche - era um cachorro quente - da clínica para mim! Tirando o cachorro quente do Arlindo, eu acho que àquele, o que meu pai trazia para mim, sempre foi o melhor que já provei. Acho que o sabor tão gostoso era por causa da alegria de sempre vê-lo voltando exausto da sua luta, porém vitorioso.
Vida de quem faz hemodialise não é fácil. Recordo-me que o grupo do meu pai saia às seis da matina para chegar por volta das seis da tarde em casa. Sempre vi eles como um bando de heróis. Lutando para viver mais. Três dias por semana, segunda, quarta e sexta. Pouca agua, dieta regulada. Ali sim era um campo de batalha provando resistência, "mas o mais importante era manter sempre o sorriso e a alegria no rosto." Já dizia um deles, o Grande Serginho.
Dito isso, fica a dica clichê (mas dependendo da análise de crítica de cada um, se tornará em algo original, pois cada pai e filho se relacionam à sua maneira): quem tem seu pai chegue nele e dê um abraço e diga que o ama. Eu lembro de já ter abraçado o meu e desejado feliz Dia dos Pais também, mas dizer ali na lata um belo de um "eu te amo, Pai!", que eu me lembre nunca fiz isso. É uma pena. Felizmente todo pai sabe que seu filho o ama, e o meu sabia que eu o amava. Muito.
Enfim, não esqueçamos dos melhores tempos que tivemos (ou temos) com o nossos pais, ou com quem nós consideramos nosso pai. Pensemos nisso, pois cadeiras ficam e pais se vão.
Feliz Dia dos Pais atrasado para todos leitores refugiados por aqui.
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Formalidades
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
Como Namorar Um Estudante de Medicina.
1. Não espere vê-lo. Nunca. E não adianta chorar, espernear, bater perna porque ele dificilmente poderá dedicar muito do seu tempo a você. Um estudante de Medicina tem um compromisso muito maior com os estudos (ou pelo menos, teoricamente deveria ter), até porque ele tem consciência de como foi difícil conseguir uma vaga na faculdade.
2. Aceite o fato de que eles terão muitos, muitos, muitos casos. Com os livros deles.
3. Aprenda a esconder as suas reações do tipo “Ai, que nojo!” quando ele resolver te contar tudo o que você nunca quis saber sobre as funções do seu corpo. E se prepare quando ele chegar em casa querendo te usar como cobaia para “treinar” todos os procedimentos que aprendeu na aula prática.
4. Apoie-o quando ele chegar em casa chateado após uma prova ferrada de Cirurgia, e não se esqueça de lembrá-lo como você tem orgulho dele e como ele é inteligente, principalmente depois que ele receber a nota e descobrir que não foi tão mal assim.
5. Não espere longas conversas pelo telefone, pois sempre haverá algum livro o aguardando do outro lado.
6. Contente-se em passar datas importantes longe dele; provavelmente aquela prova de Cirurgia daqui a duas semanas será muito mais importante do que a festa de aniversário da sua mãe. Ou o aniversário de namoro de vocês.
7. Não se sinta a pessoa mais à toa do mundo ao ver a necessidade absurda de estudo que ele tem. Para ele, provavelmente estudar mais de 8 horas por dia e passar noites em claro só à base de café não é nada fora do comum, e depois de um tempo torna-se rotina indispensável. Se você não se lembrar que ele faz parte de um seleto grupo de pessoas fora do normal, vai começar a se perguntar como é que conseguiu passar de período estudando apenas 2 horinhas por dia.
8. Acostume-se com as constantes perguntas do tipo: “Já escolheu a especialidade?”, “Quer fazer residência aonde?”, assim como com as dúvidas a respeito dos mais variados sintomas e doenças (“Meu joelho está inchado, o que está acontecendo?”; “Minha tosse está carregada de catarro, qual remédio devo tomar?”), geralmente de familiares que esquecem que existe um motivo razoável para o médico levar 6 anos para se formar.
9. Mantenha a calma ao ouvir desculpas “esfarrapadas” do tipo “você não pode esperar que eu me lembre disso, não tem espaço pra mais informação nenhuma no meu cérebro!” quando ele se esquecer de aniversários ou qualquer coisa importante. Em determinadas ocasiões, pode ser que a desculpa não seja tão esfarrapada assim. Afinal, quantas pessoas no mundo conseguiriam se lembrar de expressões como “adenocarcinoma coloretal” entre várias outras do mesmo naipe. E não esquecer o que você pediu de presente de Natal ?
10. Cultive suas amizades para não se sentir tão sozinho quando ele não puder lhe fazer companhia e para poder reclamar com alguém da ausência constante dele. Ou, caso não tenha amigos, pague um terapeuta para ouvir suas intermináveis reclamações.
11. Não se incomode com os diversos olhares pretensiosos em cima do seu namorado, geralmente advindos de estudantes de enfermagem/nutrição e afins cujo sonho na vida é encontrar um marido médico; estando de jaleco, é impossível para elas desviá-los. O lance é se sentir lisonjeado pelo simples fato de elas morrerem de inveja de você. Apesar de ele passar a maior parte do tempo com elas no hospital, ele está com você e não com elas – diga não ao ciúme !!!!!!
12. Encontro romântico = comida chinesa em frente à TV, nos minutos de intervalo do estudo.
13. Um conjunto de férias consiste em um passeio pela rua a uma loja para comprar novas canetas marca-texto e papel para impressora.
2. Aceite o fato de que eles terão muitos, muitos, muitos casos. Com os livros deles.
3. Aprenda a esconder as suas reações do tipo “Ai, que nojo!” quando ele resolver te contar tudo o que você nunca quis saber sobre as funções do seu corpo. E se prepare quando ele chegar em casa querendo te usar como cobaia para “treinar” todos os procedimentos que aprendeu na aula prática.
4. Apoie-o quando ele chegar em casa chateado após uma prova ferrada de Cirurgia, e não se esqueça de lembrá-lo como você tem orgulho dele e como ele é inteligente, principalmente depois que ele receber a nota e descobrir que não foi tão mal assim.
5. Não espere longas conversas pelo telefone, pois sempre haverá algum livro o aguardando do outro lado.
6. Contente-se em passar datas importantes longe dele; provavelmente aquela prova de Cirurgia daqui a duas semanas será muito mais importante do que a festa de aniversário da sua mãe. Ou o aniversário de namoro de vocês.
7. Não se sinta a pessoa mais à toa do mundo ao ver a necessidade absurda de estudo que ele tem. Para ele, provavelmente estudar mais de 8 horas por dia e passar noites em claro só à base de café não é nada fora do comum, e depois de um tempo torna-se rotina indispensável. Se você não se lembrar que ele faz parte de um seleto grupo de pessoas fora do normal, vai começar a se perguntar como é que conseguiu passar de período estudando apenas 2 horinhas por dia.
8. Acostume-se com as constantes perguntas do tipo: “Já escolheu a especialidade?”, “Quer fazer residência aonde?”, assim como com as dúvidas a respeito dos mais variados sintomas e doenças (“Meu joelho está inchado, o que está acontecendo?”; “Minha tosse está carregada de catarro, qual remédio devo tomar?”), geralmente de familiares que esquecem que existe um motivo razoável para o médico levar 6 anos para se formar.
9. Mantenha a calma ao ouvir desculpas “esfarrapadas” do tipo “você não pode esperar que eu me lembre disso, não tem espaço pra mais informação nenhuma no meu cérebro!” quando ele se esquecer de aniversários ou qualquer coisa importante. Em determinadas ocasiões, pode ser que a desculpa não seja tão esfarrapada assim. Afinal, quantas pessoas no mundo conseguiriam se lembrar de expressões como “adenocarcinoma coloretal” entre várias outras do mesmo naipe. E não esquecer o que você pediu de presente de Natal ?
10. Cultive suas amizades para não se sentir tão sozinho quando ele não puder lhe fazer companhia e para poder reclamar com alguém da ausência constante dele. Ou, caso não tenha amigos, pague um terapeuta para ouvir suas intermináveis reclamações.
11. Não se incomode com os diversos olhares pretensiosos em cima do seu namorado, geralmente advindos de estudantes de enfermagem/nutrição e afins cujo sonho na vida é encontrar um marido médico; estando de jaleco, é impossível para elas desviá-los. O lance é se sentir lisonjeado pelo simples fato de elas morrerem de inveja de você. Apesar de ele passar a maior parte do tempo com elas no hospital, ele está com você e não com elas – diga não ao ciúme !!!!!!
12. Encontro romântico = comida chinesa em frente à TV, nos minutos de intervalo do estudo.
13. Um conjunto de férias consiste em um passeio pela rua a uma loja para comprar novas canetas marca-texto e papel para impressora.
domingo, 7 de agosto de 2011
Se Realmente Eu Fosse um Livro
Há um certo tempo, um pensamento fica em transição
no emaranhado de ideias que é minha mente,
se eu fosse um livro, como eu seria?
Se realmente eu fosse um livro,
gostaria ser um de muitas paginas,
para que os preguiçosos não tivessem interesse em ler,
mas nos aventureiros que fizesse brilhar seus olhos.
Se realmente eu fosse um livro,
que na primeira pagina seja posta uma dedicatória,
para que sejam gravados desejos e conselhos
para quem irá me receber como presente.
no emaranhado de ideias que é minha mente,
se eu fosse um livro, como eu seria?
Se realmente eu fosse um livro,
gostaria ser um de muitas paginas,
para que os preguiçosos não tivessem interesse em ler,
mas nos aventureiros que fizesse brilhar seus olhos.
Se realmente eu fosse um livro,
que na primeira pagina seja posta uma dedicatória,
para que sejam gravados desejos e conselhos
para quem irá me receber como presente.
Se realmente eu fosse um livro,
que eu fosse saboreado junto com um bom lanche,
uma boa companhia ou uma boa musica.
que eu fosse saboreado junto com um bom lanche,
uma boa companhia ou uma boa musica.
Se realmente eu fosse um livro,
Que fosse eu procurado como uma forma de relaxar,
sair da realidade, buscar conhecimento,
uma forma de relaxar, de encontrar respostas.
Se realmente eu fosse um livro,
que minhas paginas fossem grifadas, pintadas e rabiscadas,
pois se aquele turbilhão de palavras
fez com que alguém se levantasse
e pegasse uma caneta para executar tais ações
é porque aqueles trechos são de grande importância.
Se realmente eu fosse um livro,
peço apenas que minhas paginas sejam
tratadas com carinho e não amassadas
não sejam rasgadas pois serão partes de mim
que estarão indo embora, ficarei incompleto,
sem sentido e não mais despertarei
curiosidade de outros.
Hand Medeiros
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