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sábado, 28 de janeiro de 2012

Sobre um Pouco de Ascendente de Escorpião.

E desde muito tempo ele já prestara atenção nela. Gostava de como se encontravam no corredor da escola onde estudaram o ensino médio. Gostava de como ela olhara para ele naquelas manhãs ensolaradas com bastante vento para deixar o clima agradável. Mesmo que ela não lembre disso, ele continuava a gostar dela. Gostava da ideia que um dia iria conhecê-la e seria bem próximo, quase íntimo, quase um casal, quase um, na sua presença.

Pois bem, o tempo passou, a chuva caiu, o vento levou e na moda da nova idade média, ele acabou conhecendo-a.

Por instantes pensou em como a vida tem desses lances que esperamos por tanto tempo e quando, sem mais nem menos, o que mais desejamos acaba por se encontrar bem ali, diante dos nossos olhos, na agenda do celular, no contato do Messenger, no desejar de um Bom Dia. E por causa disso, e com uma certa razão, ele passou acreditar em paixão e moinhos lindos. Começou também, a entender que existia uma mágica no cotidiano de cada um e que bastaria saber como ela funcionava, para assim, desse modo, encontrar algum sentido nas magias disponíveis do universo utilizáveis ao nosso favor.

Será que sou Medieval? Pensava ele. E ela? Será que era daquelas que diziam “amo tanto que tiro férias”?

Amar? Amava. Tirava férias? Nem tanto. Sabia viver? Claro. Gostava? Do quê? Dele? Sim. Oras. Obviamente. Tanto que não queria magoá-lo. Não ele... O que fazia nas horas vagas? Certamente ela responderia “Construo castelos. Dá para ter diversão fazendo isso, sim. Afinal, sempre é bom ter jeito para tudo. Inclusive construir castelos. Castelos de sonhos e companheirismos. Vivemos essencialmente para isso: erigir castelos e ter alguém que seja bom em pilhar os tijolos de castelos junto com a gente. Até princesinha dormindo feito anjo já tenho comigo.”

Percebe-se de imediato: ela, possuía muita fé e acreditava no português sentimental. Enquanto ele, coitado, ainda estava se acostumando com ser crente e escritor. Entretanto, apesar disso, aos poucos seu envolvimento com as palavras recíprocas dela e, suas conversas rápidas correndo em busca da princesa - tão Clara, e tão querida -, ele acabou de perceber algo que sempre quis ouvir: a voz dela. E pensou: como é bom ouvir a voz dela. Era do jeito que imaginara no ensino médio: envolvente, doce e aconchegante como uma noite de sábado ao lado de quem se gosta vendo as estrelas no céu taciturno das dez.

E os olhos? O que têm? Mais tarde ele descobriu que foram quebrados por causa de uma queda das alturas. Mas, mesmo assim, os achou tão bonitos de se encarar numa noite de réveillon enquanto se inicia um ano novo repleto de promessas e grandes metas a serem alcançandas. São como duas jóias raras, difíceis de se obter, cujo o objetivo seria jamais deixá-las molhadas com lágrimas. Exceto as de alegria, é claro.

Algum dirá isso a ela? Algum dia ela dirá isso a ele? Adianta pensar nisso agora? Provavelmente não, mas já é um bom começo pensar assim, não é? É? Quem sabe? Ela? Ele? Os dois juntos? Tá aí uma coisa boa, legal: os dois juntos. Ele escutando, ela falando. Ele receoso, ela com coragem. Ela ligando e ele na mensagem. Ele em busca de uma frequência, ela a procura de uma sintonia.

E assim, eles continuaram sendo ele e ela da maneira que são. Não esquecendo de cativarem mais e mais o algo que surgiu de bom entre os dois. 


Prentice Geovanni

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