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quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Domingos.

Bem, Dia dos Pais.

O velho segundo Domingo de Agosto. Dia de comemorações e curtições com os nossos "Velhos". Dia que acordamos cedinho e dizemos "hoje eu digo que amo meu Pai!".

***

Quando meu pai era vivo sempre tinha vergonha de dizer "Te amo, Cara".

Minha Mãe dizia "Vá lá, rapaz, abrace seu pai. Diga que o ama". Mas, pôxa, eu tinha uma vergonha danada de dizer "pai, eu te amo!".

Besteira minha, eu sei.

Mas eu, sei lá, encarava o dizer "eu te amo" como algo de muita seriedade para ser dito ao meu "Coroa". Ele era muito divertido e ao mesmo tempo sério. Por isso, sempre fico imaginando qual seria a reação dele se eu chegasse dizendo um "eu te amo, papai!".

Certamente, eu iria levar uma piada, uma risada, ou ainda, uma tirada de onda.

Foi daí que deixei o "eu te amo" de lado. E resolvi ficar com o abraço.

Ah, Dia dos Pais era abraço bem dado na certa.
E abraço surpresa, que era pra ter uma emoção marcante. Nem conto quantas vezes fiz esses abraços, mas sei que foram muitos. Suficientes? Nunca. [Acho que é imensurável tentar descrever, praticar alguma ação, que revele os nossos tão únicos e sinceros sentimentos pelos nossos pais]

Mas, tudo bem, pois sempre me confiei em saber que ele me amava. [Aquela coisa bem de "Pais e Filhos" mesmo que todos nós sentimos sempre]. Assim, simultaneamente, ele confiava que eu sentisse o mesmo.

E, obviamente, sempre senti. E sentirei. E isso foi [e é] muito bom.

Porque, baseado nessa confiança, Fui marcado pelo jeito dele até hoje. E fico com saudades como teríamos muito o que conversar hoje em dia.

Eu falaria das minhas aventuras, dos meus verdadeiros amigos que conheci, dos meus professores moldadores de personalidade e das minhas derrotas [principalmente dessas, ele iria juntar comigo os cacos de ilusões quebradas] por essa jornada épica: a vida.

E falaria também que, se não fosse por ele, eu não teria medo [hoje não tenho tanto medo assim, agora sou forte! Será? rsrs...] de "domingos".

Ora, foi num "domingo" cedinho que vi meu pai chorar [pela primeira vez] pela morte do meu avô. Foi num "domingo" que o vi chorar numa U.T.I [pela última vez], ao sentir que íamos nos separar. E foi também num domingo que minha vez de chorar chegou. [ele sabia, eu sabia...]

E foi por causa disso que pensei "Acho que todo mundo deve ter seu dia de domingo." O seu dia de lágrimas e lembranças. Sejam essas boas ou... não tão boas.

Entretanto, o ponto em que quero chegar não é de tristeza, mas sim de alegria.

De continuidade.

A vida não é só feita de "domingos".

Temos a segunda, a terça, a quarta, a quinta, a sexta e, por fim, o sábado. E vejo que aproveitamos todos esses dias bem, não é?

Acho que sim.

Os "domingos". Bem os "domingos" são inevitáveis. É a parte da vida que nós perguntamos "Qual o sentido disso tudo?!"

Infelizmente, Não tem como evitá-los. Mas, nem todo domingo tem que ser ruim, não acham? E pra se viver os outros dias da semana se precisa passar pelos "domingos".

Sejam esses tristes. Sejam esses felizes.

Se liga, a semana é longa!

E será nela que iremos estudar, que iremos ver quem gosta da gente, que começaremos a construir nosso futuro! Será na semana [que tal numa quinta-feira, numa noite, num jantar?] que encontraremos aquele amor da nossa vida; será numa sexta que iremos curtir nossas festas e farras; será num sábado que ficaremos de cara pra cima [de boa mesmo, descansando, fazendo pipoca] com nossa família.

E será num domingo. Domingo de dia dos Pais. Que refletiremos que como é importante saber o valor de lágrimas, memórias e abraços. [daqueles lá, dos bem dados!]

Fora que podemos fazer isso da maneira que quisermos. Só estou aqui para lembrar. Para lembrar a mim mesmo.

E lembrar que: quem tem seu seu pai presente, mande aquele "eu te amo" que eu sempre tiver vergonha. Nesses momentos, temos que deixar de lado queixas e desentendimentos. Quem não conheceu seu "super-man", transfira pro seu tio, pra sua mãe, pra sua avó, sua irmã, a patente de pai.

De acordo com o Manual dos Pais, artigo da vida, parágrafo "seja feliz", isso pode ser feito nas circunstâncias que cada um possui. E as circunstâncias somos nós que escolhemos. É sempre bom lembrar disso.

O que conta nesse dia é quem foi [e é] seu pai.

Vai que chegue um "domingo" pra você e a oportunidade de demonstrar algum sentimento se vai? Melhor não correr esse risco. Não mesmo.

***

Por fim, dedico esse repente a dois grandes amigos que perderam seus "Velhos" recentemente.

Sei que o ano está sendo muito bom. A convergência de fatos na vida de cada um dos senhores(as) me levam a acreditar num ótimo futuro pra vocês [não só de vocês, mas também de algumas pessoas que ando acompanhando -afinal, a vida deles é baseada em fatos reais, literalmente. Melhor que acompanhar novela, eu acho. As chances de finais felizes e menos fantasiosos é alta].

Saibam que manterei esse "acompanhar de capítulos" num estado de reciprocidade [assim como eu os acompanho, eles - vocês - também me acompanham] bastante cativante. Não me esquecerei de fazer isso. Podem deixar.

No mais fica um conselho. Pro's dois.

Conselho meio que besta e que vocês já devem saber. Mas reitero:

Naquela hora. A de dormir. Quando se deixa de lado todas as coisas. Todos os amigos. Toda família. Todos aqueles que nos afastam daquela ideia de ausência. Quando estivermos sozinhos. E vier uma [sim, aquela mesma] lembrança do "Velho", "Coroa", do Paizão.

Aceite-as. sejam elas boas ou... não tão boas.

Essas serão suas comunhões, frequências, com eles. Será nessa hora que se perceberá o quanto foi ensinado, o quanto fomos teimosos, o quanto fomos amados e como os amamos.

Será nessa sintonia, harmonia, que nossos "Velhos" estarão: Nas nossas memórias, corações, brincadeiras. No nosso modo de ser, agir, sorrir. Perceberemos no passar do tempo que temos muito mais deles do que imaginamos. Perceberemos que somos uma "versão melhorada" deixada aqui para continuarem seus sonhos [que acabaram por se tornar nossos sonhos] que é justamente sermos felizes, fazer quem amamos muito [muito mesmo, viu?] feliz e procurar fazer nosso melhor de uma maneira divertida e misteriosa.

É mais ou menos por aí, provavelmente, que a coisa anda.

Sei lá... enfim.

Feliz Dia dos Pais pra todos.

E vamos dormir. Que amanhã logo cedo tem aula de química.

****
Prentice Geovanni

Um comentário:

  1. Oh Prentice!... Sempre humano, demasiadamente humano em seus escritos! Nobre Escritor - com "E" maiúsculo! Parabéns!

    Do seu fã,

    Diego Rocha.

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