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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Sobre Feliz Aniversário, ou Para A Garota Profética, ou ainda, Lilili.

Na minha vida, desde o Jardim II, sempre te achei o máximo.

Seus cabelos loiros, seus olhinhos convincentes, seu modo em me avisar e me fazer medo com as seguintes palavras "se você sugar o ar do copo com sua boca, o copo ficará preso nela para sempre..." me surpreendiam (e amedrontavam) de um jeito que não sei explicar.

Não discuta quanto a isso, tenho - quase - certeza que foi Vossa Senhoria que proferiu essas palavras, viu?

Bem, o meu Jardim nunca foi o dos melhores. Eu tinha medo de ficar sozinho na escola (até hoje é assim, confesso). Minha irmã tinha que ficar do meu lado se não eu començava a chorar. Pense num medo de ir pra esse lugar inóspito, cheio de saber e crianças gasguitas...

Quando chegava o horário vespertino, já me vinha uma agonia...Era Hora de ir pra Escola!

Lá, se alguém da minha família não estivesse por perto, eu pensava, que acabaria sendo abandonado por eles. Por isso, nunca vi problema algum numa criança pensar em ser abandonada e chorar. Oras fui/sou chorão. E, além do mais, passei boa parte de minha vida chorando por aí. Pelos mais diversos motivos, claro. Alguns bestas, outros nem tanto assim. Sempre fui dramático e impressionável. Tanto que até hoje as palavras ditas por você sobre "sugar o ar de um copo" me perseguem (perseguiam, hoje o meu problema se encontra nas garrafas...)

Outro problema importante é que eu não lembrava quem era a garotinha. Não conseguia lembrar da "garotinha" que havia me dito tais verdades. Porém, ao ver uma foto sua da mesma época conclui: "mah, rapá, pia quem era!"

Fiquei mega-ultra-hiper-giga-surpreso e feliz. Afinal, por levar a sério aquela palavras ditas por você, olhando nos meus olhos de criança, como se fossem profecias, ou precauções suas para comigo, fui salvo de não conseguir fazer coisas simples. Imagine aí, se você não tivesse me avisado/salvado?! Eu seria uma criança chorona com um copo preso na boca! Como eu iria falar?! E sorrir?! E dizer "Nicolau Cara de Pau!!"?

"Não puxe o ar de dentro do copo com a boca, ele poderá ficar preso nela para sempre!" Realmente era um aviso prático de quem se importava (e se preocupava) com um coleguinha chorão que se sentia abandonado...

Fico muio agradecido por esse aviso. (Poderias tê-lo dito de forma que causasse menos impacto e medo, né?) Fico muito agradecido por salvar minhas coisa tão simples, como um falar, um apelidar, um sorrir. Essas coisas, querendo ou não, acabaram por me tornar o que eu sou. Valeu.

O legal, fique sabendo, é que essas palavras sempre serviram como uma espécie de "lembrança chave" para não te esquecer.

Não lembro quando você sumiu de minha vida. Mas lembro quando Você apareceu novamente. Eram seis e meia (ou seis e quarenta) de uma manhã, de uma semana esquecida, de um dia qualquer. Como se fosse para ser como foi, acabamos acertando o mesmo compasso do tempo: ou seja, nos encontramos na mesma esquina do Correio. Lembro que não tinha como escapar, tinha que ir contigo todo o caminho, estudávamos na mesma classe! (não que eu te achasse chata, mas eu não sei o que falar. Até hoje não sei.)

Não sei mesmo, sério... Só sei que nos encontramos. Mesmo destino, porém nada em comum. Eu da turma do famigerado fundão e você da turma da frente. Lááááá da frente. Éramos de países diferentes, com campo semântico, vocabular, diferentes.
Entretanto, todavia, não obstante, as coisas foram mudando. Eu passei a te esperar, você passou a me esperar. Acabasse por se torna divertida, eu acabei me tornando alguém que te diverte. E assim, naquelas manhãs, naquele período, com velhinhas de "babydoll" varrendo a calçada por onde passávamos, conheci alguém que realmente espero nunca me sair de vista.

E o mais interessante é que nunca saímos de vista mesmo. Mesmo longe, em caminhos diferentes, em aventuras distantes, sempre encontramos um jeito de rir um do outro. Sempre.

Lembra daquela vez que eu ia todo amuado pra casa e chegaste do meu lado e eu não percebi? Aí dissesse: "tá é brabo, né?" Pense numa surpresa. Pense num sorrisão que soltei. Esse mesmo que você salvou quando eu era um estudante do Jardim II.

Obrigado, mesmo. Ainda bem que você surgiu nessa minha realidade. Para me salvar de copos presos na boca! Ainda bem que aqui terei que dar seus "Parabéns e muitas anos de vida por me salvar sempre. Dos copos, do mal humor, dos perigos em me encontrar triste sem razão."

Ainda bem que terei que dizer "Valeu mesmo Aylana (ou seria, Lilili?), por nunca sair do compasso que criamos para nós dois. Saiba que sempre tiro um tempo pra pensar em você e te enviar forças para suas maiores realizações!".

Continues mudando vidas e continues aumentando sua capacidade de salvar alguém quando esse precisar de sua ajuda. Você me ajudou quando criança, quando adolescente e quando adulto (adulto?), imagine agora que já adquiriste experiências por aí mundo afora ajudando outras pessoas? Saiba de sua enorme capacidade e potencial.

Agora é contigo.

Obs: Ah, Feliz aniversário, meu bem. E obrigado por sempre me salvar. Até hoje.

Prentice Geovanni

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