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domingo, 30 de janeiro de 2011

Sobre Melancia, Camarões, Água de Côco e Woodstocks.

"Você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente..." Caio Fernando Abreu.

Grande Sorriso, tudo bem? Por aqui a vida tem mudado bastante, dá até para sentir. Até mesmo tocar, sabia? Sinto que algo está diferente, e, como num quebra-cabeça, todas as peças de minha vida estão se encaixando no seu devido lugar.

Primeiramente, obrigado por ligar naquela Tarde Vazia de Natal, como sempre, me surpreendes, não é? Por isso, deixei essa música [Tarde Vazia - IRA] aqui acima, para que, enquanto você estiver lendo, possa sentir o que eu senti, ao receber aquela ligação às 13 horas e 21minutos do dia 24 de dezembro.

Ponha esse sorrisão de Melancia no rosto e ouça, sorria, e se emocione. Perceba, esse momento é só nosso, você lendo e eu escrevendo. É bom estar contigo nessa mesma frequência. Porém, peço-lhe desculpas por se conectar a ti somente agora. É minha amiga, ultimamente ando meio ocupado colocando em prática tudo o que havia dito para ti: continuo querendo ser a mudança que você quer ver no mundo. E, para isso acontecer, é necessário seguir outros caminhos e aperfeiçoar minhas atitudes.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Trocando Experiência.

Trabalhando pra viver
Vivendo pra trabalhar
Estudando pra crescer
Crescendo para mudar
Mudando a consciência
Prevendo não afundar.

Modificando o olhar
Permutando a atitude
Sabendo que amanhã
Poderá ser que eu mude
Que só quem fica parado
É quem parece ser rude.

Desmobilizando as regras
E rompendo as estruturas
Defendo a liberdade
Tirando coisas impuras
Fragmentando as entregas
Nas minhas situações duras.

Testando o que não viveu
Experimentando o novato
Inovando a cada dia
Reformando o formato
Dizendo poder trocar
A natureza do ato.

Sem trocar experiência
Nada no mundo evolui
É preciso que saibamos
Que a mudança inclui
Melhorar nossa vivência
Que a humanidade dilui.


Se opondo ao obsoleto
Reconhecendo o novo
E preservando o velho
Sem nos esquecer do povo
Em qualquer situação
Eu sei que sempre me movo.

E no final do processo
Veremos os resultados
Desta troca infalível
Que não nos deixam parados
Tendo na posteridade
Desejos realizados.

Por sermos seres humanos
Devemos nos entender
Divergir também faz parte
Assim iremos crescer
Para que possamos juntos
Com os esforços conjuntos
Experiências tecer.





Cassildo Souza

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Capítulo 2 - A separação Iminente.

"Até que o sol não brilhe, acendamos uma vela na escuridão." Confúcio

Estávamos caídos olhando para cima. O céu era escuro e chovia bastante. Fiquei tranquilo ao vê-la do meu lado, olhando para cima também. Molhados até os ossos naquela grama rala e chão lamoso, pensei como tudo aconteceu tão rápido. Lembro-me que após conseguirmos a minha lembrança no alto da Montanha Mágica Imaginativa fomos surpreendidos por milhares de Zé Gotinhas Azuis Derrubados.

Agora, estamos nesse mundo escuro e chuvoso e eu não tenho a menor idéia de onde viemos parar após Bulba abrir uma porta com sua Chave Mágica. Pelo semblante que a Criadora de Mundos trazia, conclui: assim, como eu, era sua primeira passagem por um portal dimensional, ou algo muito parecido com um. Quem iria imaginar a existência de uma Porta Surpreendentemente Conectadora de Mundos bem ali na nossa fuga? É certo que fugíamos desesperadamente dos nossos perseguidores azuis, e não sabíamos qual direção seguir. Apenas vimos na nossa frente uma porta enorme, e como se fosse para ser assim, Bulba guiou a chave até a fechadura abrindo-a. De imediato pensei que finalmente havíamos encontrado o mundo das fadas que ela tanto procurava!

Nunca estive tão enganado.

A chuva continuava a nos molhar, o cabelo de Bulba escorria pelo seu rosto. Seu ar de preocupação me preocupava também. Talvez fosse difícil para ela estar num mundo que não foi criado pelas suas próprias mãos. Apesar de estarmos perdidos, deixamos o medo nos guiar para longe dali, daquela chuva, daquele lugar.

Já calmos com nossa situação de perdidos à deriva, decidimos procurar por um local seco. O que de fato era impossível no momento, entretanto, apesar da nossa situação, eu adquiria uma aconchegante confiança, pois além de estar em companhia da Criadora de Mundos, somente ela possuía a chave para nos levar de volta para nosso lar. Sou sincero, era apenas isso que me confortava um pouco. De nós dois, somente ela tinha capacidade de girar uma Chave Mágica numa Porta Mágica. É triste, mas uma pessoa sem Coração como eu, está destinado a ficar trancado em mundo só.

Foi quando eu direcionei meu olhar para dizer algo a ela, que me surpreendi com o seu olhar sério, e ao mesmo tempo surpreso, olhando para algo, bem longe dali.

- O que foi? Falei.

- Nada... Devo estar vendo coisas. Tive a ligeira impressão de ter visto borboletas. Deixa para lá... E agora? O que faremos?! Ela gritou toda encharcada, em desespero.

- Você que maneja a chave! Leve a gente de volta para casa! Gritei mais desesperado ainda.

- Marmo, não sei como nos levar de volta, nem sei os detalhes de como isso aconteceu... Eu apenas vi a porta e coloquei a chave na fechadura e girei... Droga! Pare de gritar comigo!

- Como é? Você não sabe manejar uma simples chave?


- Estás vendo alguma porta por aqui? Quando avistares, avisa-me para assim eu girá-la bem na sua fuça, babaca. Não é tão simples assim, como pensas Marmo. Quando se está de posse com uma Chave Mágica, qualquer coisa pode acontecer. Uma porta se transforma num portal, Zé gotinhas aparecem do nada, tudo depende da situação e do estado de espírito do possuidor da chave.



Aumentar o Som, Sentar na Beira da Piscina.

Abrir uma cerveja e descansar um pouco
Deixar as notas musicais
entrar no meu ouvido,
pensar em nada...

Deixar o vento passar pelo seu corpo,
pelos seus cabelos,
pela minha pele
e pensar em nada... 

As vezes ficar só ajuda um pouco,
não o sozinho onde você definha,
não o sozinho onde fica pensando em seus problemas,
pesando das escolhas que você fez,
se tudo o que você fez foi o certo,
ou se foi o errado, ou melhor seria não ter feito nada.

Não o sozinho onde a culpa rir de sua cara,
não o sozinho no escuro sem esperanças,
mas o sozinho onde você não pensa em nada,
absolutamente nada e deixa as coisas acontecerem
como elas iriam acontecer, com sua intervenção ou não,
não pense em nada... apenas sinta...

São aqueles 5 minutos, onde só se encontra
você e seu verdadeiro eu, sem maquiagem,
sem títulos, sem cor, sem raça.
As vezes me encontro dessa forma,
meus medos, aflições e desejos

estão dando um tempo de mim,
talvez eles estejam descansando,
talvez maquinando alguma coisas
para voltar a tirar sarro de mim.

Mas aproveito esse tempo pra ficar sozinho
me fazendo companhia
pensando em nada...

Aumentar o som, sentar na beira da piscina,
abrir uma cerveja e descansar um pouco.
Deixar as notas musicais entrar no meu ouvido,
pensar em nada...



Hand Medeiros

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Nunca Mais Violão...

Quis o destino que a Maria violão se apaixonasse pelo Zé guitarra. Indiferente a tudo que não tivesse fios conectados a uma pedaleira, a pose bossa-nova da moça ignorava.
Ela, pobrezinha, de tudo tentava
Caetano, João Gilberto
Zeca Baleiro e Vanessa da Mata
Enquanto ele pra ela a cara torcia, pras grandes noitadas ia, levando ao lado a Maria palheta, a Maria Metallica.
Com os dedos da mão já calejados de tanto sofrer, desistiu, arrumou as malas e pôs-se pronta a aprender:
Tocar gaita, tocar sanfona
Pandeiro e bandolim
Nunca mais violão
Sobrenome que vendeu pra interar a prestação de seu novo tamborim.


Elizabeth Alves



quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Clareiras Indomáveis.



As clareiras que ficaram
São espaços obscuros
Eu já nem sei o que é certo ou errado
Presente, passado ou futuro.
Os sentimentos que acabaram
Me deixaram pelo escuro
Os tempos todos dessa vida viajaram
Fiquei aqui, me chocando nesse muro.

Se os dias não querem mais passar
As noites acompanham o seu ritmo
Tenho, muito, tentado me controlar
Procurar, encontrar um viver legítimo.

As coisas acontecem quando é tempo
Preciso mesmo é esperar a hora certa
Segundos que caminham iguais aos anos
Ver se tenho como achar uma porta aberta.

As virtudes nem sempre são tão precisas
Os defeitos quase sempre são perdoados
O anormal propõe ações indecisas
Mas eu prefiro o oposto, o menos esperado.


Talvez por isso é que tudo seja árduo
E eu me sinta mais pesado, mais intruso
O único errado, o que não é unânime
Que se expressa de um modo bem confuso.


Mas, o meu mundo interno é secreto
Nem sempre aparento o que tenho em mim
Lamentos passam, tudo passa, a vida passa
Tenho muito o que fazer antes do fim.





Cassildo Souza



quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Capítulo 1 - A Menina Criadora De Mundos.

"Ela acreditava em anjos e, porque acreditava, eles existiam.” Clarice Lispector

E foi naquela vez que eu e a Menina Criadora de Mundos saímos para uma subida. Era uma tarde quente de verão e o sol não cedia ao surgimento do crepúsculo. A Montanha Mágica Imaginativa era mais difícil de escalar do que eu imaginara. Estávamos com sede e nesse momento não éramos perseguidos pelos Zé Gotinhas Azuis Derrubados.

De onde eles surgiram, não tenho ideia. Mas uma coisa era certa, eles procuravam pela Criadora de Mundos. E, se procuravam por ela, também procuravam por mim. Afinal, eu a estava ajudando em sua jornada. Por enquanto, não havia nenhum sinal deles. E isso é bom, pois assim poderíamos conversar a respeito de quais medidas tomaríamos dali em diante.

- Devia ter trazido meu boné, olha esse sol? Resmunguei.

- E quem iria fazer companhia a mim em ficar com o rosto vermelho? Falou ela com um sorriso no rosto.

- Só aceitei vir com você para essa montanha porque busco pelo meu coração e meu presente dificílimo!
- Deixa de ser chato! Eu sei que amas minha companhia, se não, nem virias para esses confins de terra imaginativa comigo. E, além do mais, tudo tem seu tempo. Já dizia Caio Fernando Abreu "Sobretudo, não se angustie procurando-o: ele vem até você, quando você e ele estiverem prontos.". É assim contigo, é assim com seu coração. Quando ambos estiverem prontos, definitivamente, será a hora de vocês se encontrarem.

- Hum...

- Vês? Sempre tenho razão.

- Sua Manipuladora...

Realmente ela tem razão. Toda vez, quando viajamos juntos, sempre tenho aventuras e histórias emocionantes para contar aos meus amigos. E cada vez mais, junto com a presença dela, sinto-me bem próximo de encontrar meu coração. É como se ele estivesse bem na minha frente, mas ao mesmo tempo tão distante de mim.

Apesar de já nos conhecemos há um bom tempo, a Menina Criadora de Mundos é muito misteriosa. Pelo pouco que eu sei de sua jornada, ela busca por um fusca vermelho. Não sei o motivo de desejar um fusca, nem muito menos por qual razão deveria ser um de cor vermelha. Sei também que, além de procurar por esse veículo de seus sonhos, procurava por um portal. Dizia ela que ao atravessá-lo, haveria um paraíso de fadas no outro lado. Chegando a esse lugar, as fadinhas a ensinariam a voar e, devido a sua simpatia e dedicação, a ajudariam a aperfeiçoar suas técnicas de criar mundos. Até mesmo os Criadores de Mundos possuem sonhos, pensei comigo...

- Estais vendo aquelas nuvens lá no céu?

- Sim, estou. Respondi.

- Sempre imaginei anjinhos nelas. Quando eu era criança ficava fixamente olhando-as para quando um anjinho desse uma bobeira eu pudesse dizer "Te vi! Peguei Você.”. Daí, eles teriam que se mostrar para mim, pois não haveria mais necessidade de se esconderem. Acreditas em anjos?

- Não sei. - Respondi olhando para as nuvens apontadas por ela. O estranho é que, quando retornei o olhar para ela, enxerguei rapidamente um par de asas.

- Hunrrum.- Ela respondeu, olhando para frente em direção ao vento que circulava a montanha mágica.

- O que estamos procurando mesmo? Perguntei.

- Uma lembrança.

- Para quê?

- Vais precisar dela caso nos separemos. E, como estais sem teu coração, uma lembrança por enquanto é suficiente para lembrares de mim, caso fiquemos distantes um do outro.

- Oshi??? E eu pensando que procurávamos pelo seu fusca, ou seu portal, ou por alguma coisa bem criativa para servir de molde para uma criação de um novo mundo... E olha só o quanto já subimos nessa Montanha! E se aparecer algum Zé Gotinha Azul Derrubado?Como iremos fugir?

A única opção é continuar subindo, oras. Como complicas as coisas Marmo.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Quando eu voltei para o “Goiás”.

"Sofremos demasiado pelo pouco que nos falta e alegramo-nos pouco pelo muito que temos." (W.Shakespeare)


Amanhã cedo estarei de saída para mais uma viagem, cujo propósito, como da última vez, será evadir, fugir da rotina e desfrutar o pouco tempo livre que ainda me resta de férias, puro entretenimento. Eu, no entanto, farei por ora um suspense, mantendo o mistério sobre esse novo destino: a revelação vai ficar para a próxima postagem (mais uma tentativa possivelmente frustrada de cativar alguns leitores).

Mas isso é outra história. O que importa aqui é aquilo que aconteceu no mais recente episódio de minha saga pelas terras potiguares, há menos de uma semana.
Repetindo o roteiro e cumprindo algumas promessas à Santa Rita, voltei para a terra onde eu me sinto em casa fora de casa, ou seja, “para o Goiás” – Santa Cruz/RN, para os desinformados – a fim de participar da comemoração do aniversário de um grande amigo meu. Claro que isso foi apenas um pretexto porque, na verdade, havia muito mais coisas não menos interessantes a serem feitas por lá; e não estou me referindo às sempre oportunas
experiências etílicas e sociais.

Como eu sei que a duração da efêmera atenção de vocês não chega a alguns parágrafos, pretendo me atear apenas àquilo que de mais importante aconteceu nessa viagem: o breve, porém significativo tempo que compartilhei com os velhos amigos dos tempos de escola.

Eu sei, eu sei... Parece que estou tocando a mesma ladainha de um texto anterior em que falei sobre o natal em Santa Cruz. Ambas as viagens, entretanto, foram essencialmente diferentes: não somente pelo fato de os personagens terem sido outros, mas, sobretudo porque desta vez não havia nenhum roteiro prévio, exceto o aniversário anteriormente comentado. Quer maneira melhor de descobrir as coisas, encontrar pessoas, ser surpreendido, enfim, aproveitar uma viagem do que se entregar à “música do acaso”?

Mesmo para alguém que, como eu, já está acostumado com o poder das coincidências, chegar a Santa Cruz e reencontrar aleatoriamente vários amigos dos tempos de colégio, pessoas que fazem parte de meu mundo e que moldaram a construção de minha personalidade, de meu caráter, reunindo-os e envolvendo-se junto com eles em uma atmosfera contagiante é, de longe, sempre surpreendente; para não dizer memorável!

De fato, nós temos uma festa exclusiva para isso: o reencontro. Todavia, em decorrência da enigmática viagem que falei acima não poderei, excepcionalmente, comparecer ao próximo, que acontecerá em poucos dias.

Esses novos momentos me fizeram lembrar de um antigo e, ao mesmo tempo, atualíssimo poema, inspirado no último desses reencontros, cujos versos foram esboçados na quase total escuridão de um ônibus na viagem de volta. O manuscrito onde ele foi redigido permanece até hoje guardado em meu relicário (leia-se, na gaveta do computador):



  FOTOGRAFIA

E o que vai ficar na fotografia
é o laço invisível que nos unia
Sorrisos, abraços, motivos
Reminiscências de uma era remota
cujas lembranças já fogem da memória
mas que a chama é mantida acesa
por um pedaço de papel fotográfico
ora mofado, ora intacto
Almejado pelas traças
Sujeito às impurezas



Mas sempre desencadeando
Aquela felicidade no âmago guardada
Vivida ao lado de irmãos escolhidos a dedo
Num lugar que talvez nem seja o mesmo

Quero voltar! No entanto, é impossível!
Os sinais do tempo já foram impressos
Restando-me apenas a fantasia
De um instante para sempre imutável
Numa folha de papel travestida de nostalgia...

O clima de saudosismo com certeza me fez resgatar minhas longínquas, quase esquecidas, aulas de física (física?). Lembrei que Einstein, em sua teoria da relatividade restrita, alertou para o fato de que ao se viajar a velocidades próximas a da luz o tempo alentece, ou seja, envelhecemos mais devagar. Eu posso até não viajar tão rápido quanto a luz, mas a cada aventura em que eu conheço um novo lugar, redescubro lugares antigos, ou simplesmente reencontro pessoas de outros tempos, rejuvenesço espiritualmente dez anos ou mais: após o retorno sinto-me mais jovial, mais engraçado, mais purificado, mais libertado... mais vivo!

É hora de arrumar as malas: no próximo texto trarei notícias de...

Gonzaguinha




quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Que Seu Coração Permaneça Manso.

Que sua mente emane tranquilidade
Que seus gestos sejam harmônicos
Que sua voz traga parcimônia aos ouvidos
que hoje tornaram-se profanos



Que seu cheiro seja de um odor sereno para os que tenham o prazer de senti-lo
Que sua índole sirva de exemplo
Que seu olhar traga serenidade aos que buscam um lugar ermo para repousar
Que suas palavras tragam sabedoria para os que a necessitam.


Hand Medeiros

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Sobre "Tanto faz", Vestibulares e Válvulas.

“Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar de remar também. Caio Fernando Abreu”.

Lembremo-nos: Devemos ter força e força de vontade para obter nossos sonhos.

"Um sonho. Isso é algo que você deve fazer para si mesmo, e não para os outros. Algum sonho para governar o mundo, algum só para viver com uma espada. Se você apostar com a sua vida em um sonho, como um redemoinho de vento, aquele sonho vai engolir o sonho dos outros. Não é sobre status ou como você nasceu, ou ainda se está dentro da realidade dos homens, continua sendo um sonho.

Um sonho pode dar suporte a você, ele pode matar ou te atormentar, mas se você abandonar um sonho, omitindo o seu coração, isso é suicido. Todo homem, por toda a sua vida, deveria por um pouco de esperança por uma vida que ele pode sacrificar para o deus dos sonhos...

A vida daquele que procura só viver outro dia é inaceitável."
- Berserk, volume 6.

A questão agora é minha amiga: Você quer enquadrar outras pessoas em seu sonho? É uma responsabilidade enorme, porém, mesmo sabendo dos riscos, posso ser sua espada quando precisares de minha ajuda. Use-me como bem entender para enfrentar seus obstáculos e batalhas. Estarei aqui, ao seu lado, aguardando suas ordens.

Sabes muito bem que és uma garota única, tudo que fazes, planeja dar certo. Na vida de quem estais presente, se tornas inesquecível. Teu modo de sorrir, de brincar, de dar bronca fascina-me de uma maneira bem singular.

Temos uma sintonia esplêndida. Sentimos o mundo à nossa maneira, brincamos um com outro em busca de coisas simples, como por exemplo, receber um "tanto faz", tomar um sorvete, ou ainda, bater palmas para acender lâmpadas – é eu não me esqueci, seu prédio tem dessas regalias.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Todos os Caminhos Levam a Sítio Novo.


No limiar de uma provável expedição para Sítio Novo, lembrei-me da última vez em que estive nessas terras agrestes, há pouco mais de um ano.

Digamos... digamos que por uma série de circunstâncias inesperadas você se visse numa manhã de um domingo de verão, com um ar extremamente seco a ponto de ressecar sua córnea e mucosa nasal, e um sol de rachar, dessas quenturas que provocam queimaduras de 2º grau e rapidamente nos deixam em estado desidratado. O que você faria?

Enclausurar-se-ia em casa e assistiria à deplorável programação brasileira dominical: jornalismo sensacionalista e programas de cunho erótico apelativo? Ligaria o rádio e esquartejaria suas cócleas pela tortura musical de algumas (não todas) bandas atuais de forró e axé? Ou sairia, enfrentando as adversidades climáticas, ainda que vulnerável a toda sorte de intempéries: de envelhecimento precoce a eventuais carcinomas?

Foi exatamente pela última alternativa que optei. Protegido pela bênção de Deus, de todos os santos, orixás e pelo filtro solar fator 50, saí com bons e velhos amigos desbravando os sertões a bordo de um não muito confiável fusca. Para vocês mensurarem o desafio: fazer uma trilha num veículo que não seja 4x4 e que esteja na iminência de “ficar no prego” (perdoe-me, Artur) é para poucos corajosos.



Como dizem os filósofos de boteco: só existe o aqui e o agora. E para mim, o momento era uma estrada pedregosa, cheia de declives, aclives e sinuosidades, o que, paradoxalmente, me trouxe um imenso prazer: como foi bom sentir-me independente, livre de rédeas sejam elas quais forem; poder admirar a paisagem ao redor, sentir o cheiro de cada cenário, o barulho ou o silêncio da contemplação. E tudo isso à toa, ao léu, sem GPS, bússola ou tecnologia muito sofisticada, e o mais importante: sem preocupação com horários ou padrões sociais. Olhar pelo retrovisor com o vento esvoaçando meus cabelos e dizer, como Morgan Freeman em Invictus: “eu sou o mestre do meu destino, o comandante de minha alma”.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A Vida é Feita de Escolhas.

Uma estrada de dois caminhos ou mais, existem casos e casos, muitas vezes essas escolhas são difíceis, perderemos muitas coisas, pessoas, momentos, tentamos muitas vezes protelar, adiar o inevitável, levar com a barriga, mas chega uma hora que não irá mais ter caminho para você tardar suas escolhas e é nessas horas que você em que refletir e fazer essa escolha.

Como eu disse logo acima, existem casos e mais casos, há 10 minutos eu fiz uma escolha, não sei se foi a certa, não sei se magoei alguém, não sei se estou me magoando, afinal, é difícil saber dessas coisas. Muitos me dizem que já sou adulto, que tenho de ser forte, já não sou mais uma criança. Eles não podiam estar tão errados, tenho 21 anos. Talvez em outras realidades eu seja pai de família, dono de empresas, alguém com grandes responsabilidades, mas nessa realidade, sou apenas uma pessoa com muitas dúvidas, um jovem com anseios e medos, sem uma grande experiencia de vida, sem respostas, portanto, tenho procurado aprender bastante com a vida, para assim, ensinar suas lições. Ora, já dizia Mario Quintana: "A resposta certa, não importa nada: o essencial é que as perguntas estejam certas."

Estou vivendo e essa é a única condição para tal aprendizado, aprendo com meus acertos, aprendo mais ainda com meus erros, a partir daí, vou-me moldando, lapidando, aperfeiçoando, não sei agora se essas escolhas que estou tomando são as certas, mas sei da enorme importância de aprender como é viver e, ao mesmo tempo, saber distinguir quais escolhas serão boas ou ruins para mim. isso são coisas que aprendemos a distinguir. Não pretendo cometer os mesmos erros, procurarei me focar no que é importante, ou pelo menos no que agora eu sei que é importante, e que tenho muitas vidas para melhorar.

Que o Hand do futuro não esqueça dessas palavras.

"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos." - Charles Chaplin



Hand Medeiros

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Sob os Pés da Santa.

Céu azul e ensolarado, sem uma nuvem sequer. O ônibus dá a partida, começa o “pinga-pinga” e pela janela vejo a rodoviária afastando-se, a capital potiguar ficando cada vez menor...

Comecei, então, a pensar em como seria o final de semana: passar o natal distante da família, época de reflexão, espiritualidade e, sobretudo, muita comida. Tinha que admitir: estava ansioso.

Meu itinerário partiu de Natal para a terra onde eu vivi anos e onde conheci algumas das pessoas mais interessantes que já passaram pela minha vida: Santa Cruz.

Lá, bandas de forró antigas tocariam músicas marcantes de nossos tempos mais pueris. Sim, isso também foi um prelúdio para a nostalgia que me aguardava.

Fiquei quase o tempo todo próximo de uns seis ou sete colegas, verdadeiros amigos, que o tempo e a distancia não separam. Reunidos na pracinha central da cidade, lugar para onde toda a juventude provinciana inevitavelmente converge, parecíamos um bando de adolescentes barulhentos, usando gorrinhos de papai-noel, e não jovens adultos no limiar da profissionalização.

Estampada no rosto de cada um havia uma alegria quase infantil, rindo das mesmas piadas antigas que contávamos nos tempos de colégio. Havia ainda colegas que eu não encontrara há anos, separados pelos diferentes caminhos que a vida nos leva, cheios de histórias para compartilhar e atualizar. As recordações de quem se lembra de tudo nos mínimos detalhes vieram à tona: resenhas, apelidos, intrigas, amores, “ficantes”...

Percebi que o tempo nos tornou bastante gentis. As brigas que outrora existiam, como em qualquer outra escola, cederam lugar à grande camaradagem, carregada de certo orgulho de ter amigos de tão longa data que, quando se encontram, conversam como se nunca houvessem se afastado.

Em cada semblante foi possível vislumbrar que o tempo agiu de forma generosa e diferente para cada um: para alguns, não parecia ter passado, mantendo o ar jovial; outros mantiveram o espírito de molecagem apesar dos quilinhos a mais e dos fios de cabelos a menos; outros ainda conservaram o jeito comedido e um pouco sério, dentre os quais me incluo, e os antes mais calados mostraram que o tempo lhes presenteou com a maturidade que outrora os hormônios à flor da pele teimavam em retirar.

Eu poderia me estender, destacando pessoas e episódios das minhas mais profundas recordações, os quais eu também reencontrei. O mais importante, no entanto, é que vivi momentos maravilhosos, abençoados por Santa Rita, daqueles em que a gente sai alegre, sentindo-se querido, fortalecido. Voltei para casa não sem antes lançar um olhar de “até logo” à estátua no alto da colina, com a promessa de reencontrar, quem sabe ainda nessas férias, esses amigos de tantos anos que, uma vez reunidos, sabem fazer o maior barulho!

Gonzaguinha